Buracos negros podem explodir a cada 10 anos, segundo estudo

Pesquisadores acreditam que buracos negros explodem no fim de suas vidas, em ciclos de 100 mil anos para acontecer. No entanto, um novo estudo sugere um cenário mais frequente: esses colapsos poderiam ocorrer a cada década, o que exigiria que a humanidade estivesse pronta para observá-los. A pesquisa foi publicada na revista científica Physical Review Letters na última quarta-feira (10).

“Não estamos afirmando que isso vai acontecer nesta década, mas pode haver 90% de chance de que aconteça. Como já temos a tecnologia para observar essas explosões, devemos estar preparados”, disse Michael Baker, coautor do estudo e professor assistente de física na Universidade de Massachusetts Amherst (UMass Amherst), em um comunicado.

Buracos negros primordiais são os mais prováveis de explodir

Os astros a explodirem nesse caso seriam os buracos negros primordiais (PBH), um grupo que se formou nos primeiros milhões de anos após o Big Bang, segundo sugeriu Stephen Hawking, em um estudo de 1971. Embora mais densos, eles seriam mais leves que os buracos negros observados atualmente.

O físico também propôs que os buracos negros têm uma temperatura e podem, teoricamente, emitir partículas através da radiação Hawking caso esquentem o suficiente.

“Quanto mais leve for um buraco negro, mais quente ele deve ser e mais partículas emitirá. À medida que os PBHs evaporam, eles se tornam cada vez mais leves e, portanto, mais quentes, emitindo ainda mais radiação em um processo descontrolado até a explosão. É essa radiação Hawking que nossos telescópios conseguem detectar”, explicou Andrea Thamm, coautora e professora de física na UMass Amherst.

Ilustração de buracos negros primordiais. Esses astros teriam se formado nos primeiros milhões de anos após o Big Bang. (Imagem: NASA’s Goddard Space Flight Center)

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A existência dos PBHs permanece uma hipótese, já que pesquisadores nunca os observaram. No entanto, caso existam, são os mais prováveis a colapsar.

A explosão desses astros ancestrais liberaria um catálogo de partículas subatômicas essenciais para a física. Elétrons, quarks, bósons de Higgs e até as hipotéticas, como as partículas de matéria escura. Isso poderia revelar a resposta para uma das grandes questões da ciência: a origem de tudo.

Em busca de um cenário em que as explosões de buracos negros ocorressem com mais frequência, os cientistas sugeriram a existência de um “elétron escuro”, uma versão mais pesada do elétron comum.

A equipe partiu do pressuposto que é possível que buracos negros tenham carga elétrica. No caso dos PBH, essa seria uma “carga elétrica escura”, em que “fótons escuros” transmitiriam a força eletromagnética, assim como os fótons comuns.

“Fazemos uma suposição diferente. Mostramos que, se um buraco negro primordial se forma com uma pequena carga elétrica escura, o modelo prevê que ele deve se estabilizar temporariamente antes de finalmente explodir”, disse Baker.

Exemplo de buraco negro
Pesquisadores utilizaram um modelo em que os buracos negros têm “carga elétrica escura”. Nesse cenário, explosões ocorreriam a cada década. (Imagem: buradaki/Shutterstock)

Se uma população desses buracos negros existir, as explosões não ocorreriam a cada 100 mil anos, mas a cada 10 anos. Com os equipamentos atuais, a humanidade poderia observar um evento desse a cada década.

“Teriamos a primeira observação direta tanto da radiação Hawking quanto de um PBH. Também obteríamos um registro definitivo de cada partícula que compõe tudo no Universo. Isso revolucionaria completamente a física e nos ajudaria a reescrever a história do cosmos”, concluiu Iguaz Juan, coautor do estudo e pesquisador na UMass Amherst.