“Bafo” de “borboleta gigante” no Sol atinge com força a Terra

Na última quinta-feira (11), o Olhar Digital noticiou que um buraco se abriu no Sol e lançou uma corrente de vento solar em direção à Terra. Esse material atingiu o planeta no domingo (14), desencadeando uma tempestade geomagnética intensa no norte do globo.

A lacuna começou a se formar no início da semana, crescendo progressivamente enquanto assumia um curioso formato de borboleta. De acordo com o site Space.com, na sexta-feira (12), ele já tinha quase 500 mil km de extensão, espaço suficiente para acomodar quase 40 planetas como o nosso enfileirados.

Buraco coronal com formato de borboleta registrado por observatório solar da NASA entre 8 e 11 de setembro. Crédito: NASA/SDO

Aberturas desse tipo na atmosfera solar são chamadas de “buracos coronais”, regiões onde os campos magnéticos se abrem e permitem que o vento solar escape. Eles aparecem escuros nas imagens devido à ausência do plasma quente normalmente contido ali.

Material lançado pela “borboleta solar” produz auroras espetaculares

De acordo com a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, ao impactar a atmosfera terrestre, o material ejetado pela “borboleta gigante” causou uma tempestade geomagnética G3, considerada forte em uma escala que vai até G5. Embora a intensidade esteja diminuindo, o evento ainda não acabou. Episódios leves (G1) a moderados (G2) são esperados ao longo desta segunda-feira (15).

Além de produzir auroras visíveis em latitudes mais baixas do que normalmente as luzes coloridas são exibidas, alcançando o norte dos EUA e quase todo o Reino Unido, tempestades G3 podem causar problemas.

Tempestade geomagnética G3 (forte) atingiu a Terra no domingo (14), provocando auroras, como esta que foi fotografada em Crooked River, Saskatchewan, Canadá. Crédito: Randal Hueser via EarthSky

“Pode haver carga de superfície em componentes de satélite, o arrasto pode aumentar em satélites de órbita baixa da Terra e correções podem ser necessárias para problemas de orientação”, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). “Também podem ocorrer falhas intermitentes de navegação por satélite e de radionavegação de baixa frequência”.

A atividade geomagnética deve diminuir até terça-feira (16), mas condições instáveis ainda podem trazer breves avistamentos de aurora até o meio da semana. Neste link, está disponível uma análise atualizada da previsão de três dias da NOAA.

Especialistas alertam que essas tempestades são mais comuns nas semanas próximas aos equinócios.

Show de luzes coloridas registrado no céu de Rockwood, Maine, EUA, na noite de domingo (14). Crédito: George via Spaceweather.com

Leia mais:

Por que os equinócios intensificam as tempestades geomagnéticas

Equinócios ocorrem duas vezes por ano, em março e em setembro, quando dia e noite têm quase 12 horas cada. Nessas ocasiões, o eixo da Terra se alinha com sua órbita ao redor do Sol, facilitando o contato entre os campos magnéticos do planeta e do astro.

Aurora flagrada na Baía da Ametista, Lago Superior, Ontário, Canadá, na madrugada desta segunda-feira (15). Crédito: Lauri Kangas via Spaceweather.com

Esse alinhamento intensifica o chamado “efeito Russell-McPherron”, descoberto em 1973, que explica o aumento de tempestades geomagnéticas nos equinócios. Dados históricos mostram que, entre 1932 e 2014, essas tempestades aconteceram duas vezes mais nessa época do que nos períodos próximos aos solstícios (junho e dezembro). Em 2025, o equinócio de setembro será no dia 22.

Dependendo da intensidade, as tempestades geomagnéticas podem afetar sistemas de comunicação, redes elétricas e satélites. Quando elas são extremamente fortes, podem até causar apagões e arrastos de equipamentos em órbita. No entanto, elas também têm efeitos visuais impressionantes – as  luzes coloridas no céu conhecidas como auroras boreais (no norte) e austrais (no sul).