Nos municípios acreanos que fazem fronteira com a Bolívia, como Brasiléia e Epitaciolândia, o sistema público de saúde enfrenta um novo tipo de pressão: cidadãos bolivianos estariam utilizando documentos falsos para acessar serviços gratuitos oferecidos pelo SUS.

Entre os itens mais procurados está o cartão do SUS, que pode custar até 3 mil dólares: foto/ Reprodução
Segundo apuração do portal O Alto Acre, documentos como CPF, cartão do SUS e comprovantes de residência estão sendo forjados em Cobija, capital do departamento de Pando. Os valores cobrados variam entre 500 e 5 mil dólares, dependendo do tipo de documentação e da urgência do pedido.
A comercialização é feita por indivíduos conhecidos como “documentaristas”, que atuam clandestinamente e não possuem qualquer vínculo com o Conselho Regional de Despachantes Documentalistas (CRDD) de Rondônia e Acre.
anúncios circulam livremente em redes sociais com promessas de “trâmites garantidos”/ Foto: Reprodução
Entre os itens mais procurados está o cartão do SUS, que pode custar até 3 mil dólares, por ser a principal porta de entrada para atendimento médico, acesso a medicamentos e até cirurgias custeadas pelo sistema público brasileiro. Os falsários chegam a prometer consultas com especialistas e procedimentos complexos, sem qualquer custo para os estrangeiros.
Há ainda denúncias que apontam o envolvimento de estudantes de medicina em Cobija na produção dos documentos fraudulentos, o que agrava ainda mais a gravidade da situação.
Embora as autoridades brasileiras estejam atentas ao problema, a Polícia Federal e a Receita Federal enfrentam sérios desafios para avançar nas investigações, especialmente pela ausência de cooperação direta entre Brasil e Bolívia. A natureza transfronteiriça do esquema e a atuação em território estrangeiro dificultam a repressão e a identificação dos envolvidos.
O CRDD reforça que nenhum cidadão boliviano possui autorização legal para atuar como despachante documentalista na região e alerta a população para que não aceite serviços de origem duvidosa.
O que antes era praticado de forma discreta, agora se espalha pelas redes sociais, onde circulam anúncios com promessas de “trâmites garantidos”, mostrando até fotos de supostos beneficiados que já conseguiram atendimento médico, acesso a remédios e até contas bancárias no Brasil.
Enquanto não há uma solução binacional eficaz, o sistema de saúde dos municípios acreanos segue sobrecarregado, enfrentando um aumento constante na demanda de atendimentos a estrangeiros, o que compromete a estrutura originalmente planejada para a população local.