O fascínio por cobras gigantes acompanha a humanidade há séculos, aparecendo em mitos, lendas e até na cultura pop. Entre tantas histórias e exageros sobre a periculosidade desses animais, e uma das dúvidas que mais desperta curiosidade e medo é se uma cobra realmente poderia engolir uma pessoa inteira.
Embora o imaginário popular esteja cheio de relatos sobre anacondas, como na série de filmes de terror que mostram cobras gigantes devorando humanos, a realidade não é bem assim. Neste artigo, vamos explicar como isso pode acontecer e se a ocorrência é tão frequente quanto a ficção sugere.
Quais espécies de cobras podem engolir um ser humano?
Apesar do tamanho impressionante de várias espécies, apenas a píton-reticulada (Malayopython reticulatus) possui registros comprovados de pessoas engolidas. Outras grandes constritoras, como a sucuri-verde, conseguem capturar animais de grande porte, mas nunca houve comprovação científica de ataques fatais contra humanos.
Píton-reticulada (Malayopython reticulatus)
Habita regiões do Sudeste Asiático, como Indonésia, Filipinas, Tailândia e Malásia, e é capaz de engolir presas com até três vezes o diâmetro de seu corpo, incluindo porcos, veados e, em raríssimos casos, pessoas.
Na Indonésia, há registros confirmados, com fotos e vídeos, de pítons que engoliram seres humanos inteiros. O animal pode atingir até 10 metros de comprimento e pesar entre 100 e 150 kg.
Sucuri-verde (Eunectes murinus)
Também conhecida como anaconda, pode chegar a 7 metros e ultrapassar 200 kg, sendo a cobra mais pesada do mundo.
A espécie vive na Amazônia e em áreas alagadas da América do Sul. Ela se alimenta de animais como capivaras, jacarés e até bezerros. Apesar de sua fama, não existem casos confirmados de sucuris engolindo pessoas, apenas relatos populares e lendas.
Leia mais
- Cobras são inteligentes? Saiba qual espécie se destaca
- Quais as maiores cobras do mundo?
- Quais as cobras mais venenosas do mundo?
Outras grandes constritoras
- Píton-birmanesa (Python bivittatus): encontrada no Sudeste Asiático, chega a 6 metros, mas não há registros de ataques a humanos.
- Píton-africana (Python sebae): pode atingir até 7 metros e capturar presas como antílopes, mas também não existem casos documentados de engolir pessoas.
Como essas cobras conseguem engolir humanos?
As cobras constritoras não utilizam veneno para matar suas presas, mas sim a constrição: após o bote, elas se enrolam em torno da vítima e aplicam uma pressão tão intensa que interrompe a circulação sanguínea, provocando parada cardíaca em poucos minutos.
Sua anatomia também é fundamental para engolir presas muito maiores que seu próprio diâmetro, já que possuem ossos mandibulares conectados por tecido elástico, o que permite uma ampla abertura lateral, além de costelas flexíveis que expandem o corpo durante a ingestão.
O processo digestivo é extremamente lento e pode durar semanas, período em que a cobra permanece praticamente imóvel.
Casos documentados de humanos engolidos
Apesar do medo popular, casos de pessoas engolidas por cobras são extremamente raros e se limitam a regiões rurais da Indonésia, sempre envolvendo a píton-reticulada.
O primeiro registro amplamente divulgado ocorreu em 2017, quando o agricultor Akbar Salubiro, de 25 anos, desapareceu em Sulawesi e foi encontrado morto dentro de uma píton de 7 metros.
Em julho de 2024, outro caso chocou o país: Siriati, de 36 anos, desapareceu após sair de casa e foi localizada dentro de uma píton. Seu marido encontrou a serpente ainda viva, matou-a e abriu a barriga, revelando o corpo da esposa.
Esses episódios, embora excepcionais, levantaram alerta entre autoridades locais, que passaram a recomendar que moradores andem armados com facas em áreas de risco.
Por que esses ataques são tão raros?
Os ataques de cobras que engolem pessoas, apesar de povoarem o imaginário popular em filmes, lendas e contos, são extremamente incomuns. Humanos não fazem parte da dieta natural dessas serpentes, que preferem presas mais abundantes em seus habitats, como roedores, capivaras, veados e porcos.
Casos fatais só ocorrem em situações excepcionais, geralmente quando há invasão do território da cobra ou quando ela se sente ameaçada.