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A Oracle e a OpenAI assinaram um dos maiores contratos de computação em nuvem já registrados, no valor de US$ 300 bilhões (R$ 1,62 trilhão, na conversão direta), a serem desembolsados ao longo de aproximadamente cinco anos.
A informação foi revelada por pessoas familiarizadas com o acordo e divulgada pelo The Wall Street Journal. O contrato, que começa em 2027, prevê a compra massiva de poder computacional pela OpenAI, em movimento considerado um dos mais ousados do setor de inteligência artificial (IA).

- Segundo fontes, a maior parte da nova receita revelada pela Oracle no último trimestre vem diretamente desse acordo com a OpenAI;
- A companhia anunciou que adicionou US$ 317 bilhões (R$ 1,71 trilhão) em receitas contratuais futuras até 31 de agosto e, sua presidente-executiva, Safra Catz, confirmou que três grandes clientes fecharam contratos no período;
- A notícia impulsionou as ações da Oracle, que chegaram a subir 43% nesta quarta-feira (10), aumentando a fortuna do presidente do conselho, Larry Ellison, em mais de US$ 100 bilhões (R$ 540,44 bilhões) e transformando-o no homem mais rico do mundo, ultrapassando Elon Musk;
- O contrato exigirá uma capacidade de energia de 4,5 gigawatts, o equivalente à produção de mais de duas barragens Hoover ou ao consumo de cerca de quatro milhões de residências;
- Para atender à demanda, a Oracle está trabalhando com construtoras de data centers, como a Crusoe, em projetos espalhados por estados dos EUA, como Wyoming, Pensilvânia, Texas, Michigan e Novo México.
Riscos
Apesar do impacto positivo imediato no mercado, o acordo envolve riscos significativos para ambas as partes. A OpenAI, que revelou, em junho, receita anual de aproximadamente US$ 10 bilhões (R$ 54,04 bilhões), terá de desembolsar, em média, US$ 60 bilhões (R$ 324,26 bilhões) por ano no contrato — um valor seis vezes superior à sua receita atual.
A startup já afirmou que não espera gerar lucros até 2029 e pode acumular prejuízos de até US$ 44 bilhões (R$ 237,79 bilhões) até lá. Para a Oracle, a concentração de grande parte de sua receita futura em apenas um cliente representa um risco elevado, especialmente diante da necessidade de contrair dívidas para adquirir chips de IA e sustentar a operação.
A dependência de capacidade computacional é hoje o maior desafio da OpenAI. A escassez de servidores e chips tem limitado a expansão de seus produtos e a criação de novos modelos de IA, em cenário que afeta todo o setor. Estima-se que, até 2028, os gastos com chips, servidores e infraestrutura de data centers somem US$ 2,9 trilhões (R$ 15,67 bilhões), segundo o Morgan Stanley.

Esse contrato também está vinculado ao projeto Stargate, parceria entre OpenAI, SoftBank e Oracle para investir US$ 500 bilhões (R$ 2,70 trilhões) em data centers domésticos nos próximos quatro anos. Inicialmente dependente da Microsoft Azure para fornecer sua infraestrutura de nuvem, a OpenAI passou a diversificar seus parceiros em 2024, fechando acordos também com Google e Oracle.
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Por que a Oracle?
A aposta da OpenAI no contrato com a Oracle baseia-se na expectativa de que o ChatGPT e outros produtos da empresa mantenham crescimento acelerado e sejam adotados por bilhões de pessoas, além de grandes corporações e governos.
Contudo, a companhia enfrenta desafios, como a guerra por talentos, negociações tensas com a Microsoft e investigações regulatórias sobre sua reestruturação para fins lucrativos em dois estados estadunidenses.
Enquanto isso, a Oracle busca se posicionar como um dos principais players da era da inteligência artificial, apesar de sua alta alavancagem financeira.

Dados da S&P Global Market Intelligence mostram que a relação dívida/patrimônio da Oracle chega a 427%, contra 32,7% da Microsoft. No último exercício fiscal, a Oracle registrou fluxo de caixa operacional de US$ 21,5 bilhões (R$ 116,19 bilhões) e despesas de capital de US$ 27,4 bilhões (R$ 148,08 bilhões), valores muito inferiores aos da rival Microsoft, que alcançou US$ 136 bilhões (R$ 734,99 bilhões) de fluxo de caixa e US$ 88 bilhões (R$ 475,58 bilhões) em despesas de capital.
O acordo entre OpenAI e Oracle, portanto, marca não apenas um dos maiores contratos de nuvem da história, mas, também, um ponto de inflexão na corrida global pela liderança em inteligência artificial.