Mais de 13 mil crianças fora da escola no Acre: 87% são pretas, pardas ou indígenas

Apesar de esforços pontuais, como ações de busca ativa escolar e inclusão de estudantes com deficiência, a evasão permanece elevada

O cenário educacional no Acre revela uma realidade preocupante: mais de 13 mil crianças e adolescentes, com idades entre 4 e 17 anos, estão fora das salas de aula. Os dados são da plataforma Busca Ativa Escolar (BAE), mantida pelo UNICEF, e revelam ainda um recorte alarmante: 87% dos jovens excluídos do sistema educacional pertencem a grupos étnico-raciais historicamente marginalizados, como pretos, pardos e indígenas.

Desigualdade étnico-racial agrava o problema: 87% dos afetados são pretos, pardos ou indígenas/Foto: Ilustrativa

Apesar de esforços pontuais, como ações de busca ativa escolar e inclusão de estudantes com deficiência, a evasão permanece elevada. A ausência de acesso ao ensino básico compromete profundamente o futuro de milhares de jovens, afetando diretamente o desenvolvimento humano e social do estado — que figura entre os piores do país nos principais indicadores educacionais.

De acordo com o Ranking de Competitividade dos Estados 2025, divulgado pelo CLP (Centro de Liderança Pública), apenas 66,8% dos jovens em idade adequada estavam frequentando o ensino médio em 2024. A situação é ainda mais crítica na educação infantil, onde a taxa de atendimento caiu para 40,2%.

A capital, Rio Branco, simboliza a gravidade do problema: cerca de 1.800 crianças aguardam por vagas em creches públicas. Essa demanda reprimida reflete diretamente no fraco desempenho da rede pública municipal e estadual, colocando o estado em uma posição preocupante no cenário nacional.

Um levantamento recente mostrou que apenas 17,9% das crianças acreanas estão matriculadas em creches, índice bem abaixo da média brasileira, que é de 41,2%. A responsabilidade por essa etapa do ensino recai sobre as prefeituras, que, diante da falta de estrutura, acabaram por empurrar o Acre para o último lugar no ranking nacional de acesso à educação infantil. Atualmente, 44,4% das crianças no estado não têm acesso nem à creche nem à pré-escola.

O abandono escolar no Acre, portanto, vai além dos números. Ele expõe uma rede fragilizada por desigualdades raciais, falhas na infraestrutura e ausência de políticas públicas eficazes. O impacto é profundo: crianças e adolescentes sem acesso à educação ficam mais vulneráveis à exclusão social, têm menos chances de qualificação profissional e enfrentam grandes barreiras para ingressar no mercado de trabalho — alimentando um ciclo de pobreza que atravessa gerações.