O presidente da Microsoft, Brad Smith, comentou sobre protestos recentes na big tech relacionados à Israel. “Obviamente, este foi um dia incomum”, disse ele, sentado na beira da sua mesa, durante uma coletiva de imprensa improvisada.
Horas antes, na terça-feira (26), manifestantes haviam invadido o prédio da companhia em Redmond (EUA) e ocupado o escritório do executivo. Segundo Smith, sete pessoas participaram da ação – duas delas funcionárias da Microsoft. Todas foram retiradas pela polícia local.
“Quando sete pessoas fazem o que fizeram hoje — invadem um prédio, ocupam um escritório, trancam outras pessoas para fora, instalam dispositivos de escuta, mesmo que de forma rudimentar, como telefones e celulares escondidos embaixo de sofás e atrás de livros — isso não está certo”, afirmou Smith, na coletiva. “Quando são convidados a sair e se recusam, isso não está certo.”
Os manifestantes eram do grupo No Azure for Apartheid, que já havia interrompido eventos públicos da empresa em 2025. Eles exigem que a Microsoft encerre contratos com o governo e os militares de Israel.

Na coletiva, Smith afirmou que a Microsoft está “comprometida em garantir que seus princípios de direitos humanos e termos contratuais de serviço sejam respeitados no Oriente Médio”.
O executivo também disse que uma investigação interna foi aberta após o jornal Guardian revelar o uso da nuvem Azure para vigilância de palestinos.
Smith acrescentou que a Microsoft discorda de algumas conclusões da reportagem, mas que outras justificam a apuração.
Reportagem do Guardian
A investigação, feita em parceria com +972 Magazine e Local Call, apontou que a Unidade 8200, braço de inteligência israelense comparado à NSA dos EUA, usa a Azure desde 2022 para armazenar milhões de chamadas telefônicas feitas por palestinos em Gaza e na Cisjordânia.
Segundo fontes militares, esse acervo em nuvem serviu para planejar ataques aéreos, prisões e até chantagens. Documentos internos também indicam que o CEO da Microsoft, Satya Nadella, apoiou o projeto em reuniões com a unidade. Estima-se que mais de dez mil terabytes de dados militares israelenses tenham sido transferidos para servidores da empresa na Europa.
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Fontes relataram ainda que o sistema ampliou a vigilância sobre civis palestinos. Além das chamadas, algoritmos de inteligência artificial analisam mensagens de texto em busca de termos considerados suspeitos.
Ainda segundo fontes ouvidas pelo jornal, a prática reforça uma vigilância massiva e contínua sobre a população palestina.