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Como identificar combustível adulterado?

Como identificar combustível adulterado?

Uma megaoperação liderada pela Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo desmantelou um esquema criminoso envolvendo mais de 300 postos de combustíveis que enganavam consumidores com combustível adulterado e outros produtos. A ação mirou 350 alvos (pessoas físicas e jurídicas), alguns deles com ligação com o PCC.

A rede investigada usava metanol, matéria-prima de produtos químicos, como adesivos, solventes, pisos e revestimentos. É incolor, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum e altamente inflamável. A substância também tem sido estudada na área de descarbonização por ser mais facilmente armazenada do que o hidrogênio.

Em aplicações regulares, o metanol é crucial para produção do biodiesel, mas pode prejudicar veículos movidos a gasolina e etanol. No caso do combustível comercializado pelo PCC, 90% do produto era composto por metanol. O limite estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é de 0,5%.

metanol
Metanol é incolor, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum (Imagem: Kittisak Kaewchalun/iStock)

Atenção aos sinais

A perda de potência é um dos vestígios mais claros de combustível adulterado. “Assim que você abastece, o pedal do acelerador fica ‘borrachudo’. Você sente que precisa acelerar mais para obter a mesma velocidade”, explicou ao g1 Denis Marum, mecânico com formação em engenharia mecânica.

Depois, é comum ver o acionamento das luzes no painel. “O combustível alterado faz com que sature a leitura dos sensores e faz ligar essa luz”, aponta Orli Robalo, mecânico em Porto Alegre, ao g1. Os especialistas também alertam para os seguintes sinais:

Alguns veículos toleram a presença de metanol no tanque, mas a substância pode correr bicos injetores; flauta de combustível; câmara de combustão; guia de válvulas; bomba de baixa pressão; e bomba de alta pressão.

Perda de potência é um dos vestígios mais claros de combustível adulterado (Imagem: dusanpetkovic/iStock)

“Antes mesmo de estragar as partes do motor, o metanol acaba queimando a bomba de combustível. Se a pessoa rodar com esse produto, que é corrosivo, tem carro que não aguenta andar nem durante um tanque”, explicou ao g1 Bruno Bandeira, mecânico e proprietário da Oficina Mecânica Na Garagem.

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Faça o teste do combustível

Uma resolução da ANP determina que todos os postos de combustíveis devem ter kits para realizar testes que identifiquem combustível adulterado antes de abastecer.

Cheiro de solvente ou querosene pode indicar uso irregular de metanol (Imagem: NithidPhoto/iStock)

“Se tiver abaixo disso, a gasolina não está em conformidade. Se estiver acima, tem mais álcool que o permitido“, disse José Luiz de Souza, especialista da ANP. O metanol usado nos postos do PCC era importado pelo porto de Paranaguá, no Paraná, por empresas químicas de fachada, segundo as investigações.

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