Na última quinta-feira (7), a Polícia Civil concluiu a investigação que apurava o caso de uma recém-nascida que sofreu queimaduras graves durante o primeiro banho na Maternidade de Cruzeiro do Sul, ocorrido em 22 de junho. A servidora responsável, identificada pelas iniciais M., foi formalmente indiciada pelo crime de lesão corporal de natureza gravíssima, previsto no Código Penal com pena de dois a oito anos de prisão.

A bebê, que sofreu queimaduras de 2º e 3º graus, enquanto tomava banho na maternidade de Cruzeiro do Sul/ Foto: Reprodução
A conclusão do inquérito se deu após o retorno da família ao município. A mãe de Aurora Maria Oliveira Mesquita, acompanhada do pai da criança, prestou depoimento logo após retornar de Belo Horizonte, onde a bebê ficou internada por mais de um mês no Hospital João XXIII. Durante esse período, foi realizado um exame complementar de corpo de delito para aprofundar a apuração dos fatos.
O delegado responsável pelo caso, Vinícius Almeida, confirmou que não havia qualquer condição clínica que pudesse explicar as queimaduras. “O laudo médico descartou a possibilidade de doença e apontou a temperatura da água como a única causa”, afirmou.
A investigação da perícia criminal identificou que a água usada no banho da bebê atingia 57 graus Celsius, temperatura considerada altamente perigosa e capaz de causar queimaduras de terceiro grau. De acordo com o delegado, testemunhas relataram ter visto vapor saindo dos recipientes e tentaram alertar a servidora antes que o banho fosse iniciado. “Ela tinha o dever de saber que aquela temperatura não era adequada para um recém-nascido. Houve avisos antes do banho, mas mesmo assim ela seguiu com o procedimento”, disse.
Outros relatos de pais corroboraram a denúncia. Um deles contou que a filha também passou por uma situação de risco: “banharam minha filha pouco antes da Aurora, e só depois notaram que a água estava quente demais, precisando trocá-la por uma mais fria”, relatou.
Para o delegado, a conduta da servidora indica dolo eventual, quando o agente não busca diretamente o resultado, mas assume o risco de causar o dano. “A negligência não foi apenas por omissão. Houve desprezo pelas consequências”, concluiu Almeida.
Aurora Maria recebeu alta hospitalar em 6 de agosto e está em casa com os pais, ainda se recuperando das lesões que marcaram seus primeiros dias de vida.