Contratações milionárias da Meta não seguram talentos da IA

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Mark Zuckerberg deu um passo ousado na corrida da Inteligência Artificial (IA) em junho deste ano com a criação do Meta Superintelligence Labs, após adquirir a Scale AI por US$14,3 bilhões

O objetivo era atrair os melhores engenheiros e pesquisadores para desenvolver IA de ponta e alcançar a “superinteligência”.

Em poucas palavras:

  • Mark Zuckerberg criou o Meta Superintelligence Labs para reunir os maiores talentos em IA;
  • Já houve baixas em algumas equipes, e alguns contratados nunca assumiram cargos;
  • Mesmo com salários altos, alinhamento de valores e impacto pesam mais para manter os especialistas;
  • Reestruturação reorganiza equipes em pesquisa, produto e infraestrutura avançada;
  • Meta mantém investimentos, mas precisa gerar resultados e competitividade.

Quase três meses depois, surge a dúvida: quantos desses talentos ainda permanecem na Meta? A divisão, que reúne milhares de funcionários, inclui o TBD Lab, equipe de alta visibilidade focada em modelos de IA avançados. Desse time, apenas um funcionário ativo, o pesquisador Ethan Knight, saiu até agora, segundo confirmou o porta-voz da Meta, Dave Arnold, ao site The Verge.

Mark Zuckerberg criou o Meta Superintelligence Labs para reunir os maiores talentos em IA. Crédito: Ahyan Stock Studios – Shutterstock

De acordo com Arnold, dois outros nomes, Avi Verma e Rishabh Agarwal, que supostamente saíram, nunca chegaram a assumir funções no laboratório. Outras saídas recentes, como a de Chaya Nayak e Rohan Varma, ocorreram em outras equipes da Superintelligence, levantando questões sobre a capacidade da Meta de reter seus principais talentos.

Em IA, há coisas que valem mais do que dinheiro

A corrida da Meta por especialistas começou com a compra de uma participação de 49% na Scale AI, empresa que fornecia dados para OpenAI, Google e Microsoft. Alexandr Wang, CEO da Scale AI, passou a liderar o laboratório. A Meta também contratou funcionários da OpenAI, DeepMind e Anthropic, oferecendo salários milionários. Alguns relatos apontam gastos de até US$300 milhões em quatro anos com apenas 10 contratações da OpenAI – valor contestado pela Meta.

Alexandr Wang, fundador da Scale AI, agora diretor de IA da Meta. Crédito: Web Summit Qatar/Flickr

Apesar dos altos salários, nem todos os talentos aceitaram as ofertas de Zuckerberg. Profissionais do setor dizem que, para equipes como o TBD Lab, fatores como alinhamento de valores, impacto social e segurança da IA pesam mais do que dinheiro. Em um mercado com estabilidade e altos salários, o prestígio e a visão do projeto são decisivos.

Recentemente, a Meta anunciou um congelamento temporário de contratações e reestruturação da divisão de IA. Memorandos internos indicam que a pausa faz parte do planejamento do orçamento de 2026 e da reorganização após crescimento rápido em 2025. Funções críticas ainda seguem sendo contratadas, avaliadas caso a caso.

Wang reforçou publicamente no X que os investimentos na Meta Superintelligence Labs continuam firmes. A reestruturação organiza a divisão em três áreas: pesquisa, produto e infraestrutura, distribuídas em quatro equipes. O TBD Lab continuará focado em modelos avançados e exploração de novas direções, enquanto o Laboratório de Pesquisa Fundamental em IA (FAIR) será integrado como motor de inovação.

A Meta comprou Scale AI por US$14,3 bilhões, o maior investimento externo em IA que a empresa já fez no setor privado. Crédito: T. Schneider – Shutterstock

We are truly only investing more and more into Meta Superintelligence Labs as a company. Any reporting to the contrary of that is clearly mistaken.

— Alexandr Wang (@alexandr_wang) August 21, 2025

A equipe de Produtos e Pesquisa Aplicada concentrará esforços em aproximar pesquisa e desenvolvimento de produtos. Já a equipe de infraestrutura, MSL Infra, será responsável por clusters de GPU (conjuntos de várias placas gráficas interconectadas que trabalham juntas para processar grandes volumes de dados rapidamente), ambientes de desenvolvimento e ferramentas para acelerar pesquisa e produção de IA em toda a Meta. A organização “AGI Foundations” será dissolvida, com funcionários redistribuídos entre as equipes.

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Também no X, o porta-voz Andy Stone afirmou que o congelamento e a reestruturação são apenas atualizações “mundanas”. Trata-se, segundo ele, de uma pausa temporária enquanto se planeja crescimento e estratégia de superinteligência, sem alterar o foco de longo prazo da empresa.

In a statement we told the Journal they were trying to make the mundane exciting. They didn’t print it. Here’s the full statement the @WSJ apparently didn’t want people to read: https://t.co/te0uGPgiIq pic.twitter.com/coOHvA9T1p

— Andy Stone (@andymstone) August 21, 2025

O caso revela que contratar os melhores talentos em IA não depende apenas de dinheiro. Retê-los exige projetos ambiciosos, alinhamento de valores e perspectivas de impacto real no setor. A Meta segue investindo bilhões, mas o desafio agora é transformar esses recursos em resultados concretos e manter o laboratório competitivo na corrida global pela superinteligência.

Enquanto isso, o TBD Lab segue como núcleo da divisão, com equipes reorganizadas e foco em inovação e infraestrutura. A Meta quer competir com laboratórios de ponta, mas a retenção de especialistas permanece como teste crítico. O que parecia uma maratona de contratações milionárias se mostra, na prática, uma complexa gestão de pessoas e talentos estratégicos na vanguarda da IA.