Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o presidente da Argentina, Javier Milei, sendo alvo de ataques com pedras e garrafas durante uma carreata em Lomas de Zamora, na região metropolitana de Buenos Aires, nesta quarta-feira (27/8). Nas gravações, o presidente aparece acenando da caçamba de uma picape quando começa o tumulto.
Relatos apontam que, no momento do ataque, havia um caminhão com entulho no local. Manifestantes teriam usado o material para lançar pedras contra o comboio. O candidato Maximiliano Bondarenko, da LLA, teria sido atingido por uma pedrada, de acordo com o jornal La Nación.
O deputado José Luis Espert, aliado de Javier Milei e candidato às eleições legislativas de outubro, é visto deixando o local em uma moto, sem capacete, em meio à confusão.
Confira:
Milei foi retirado do local às pressas
Assim que os objetos começaram a ser arremessados, o motorista da caminhonete que levava Milei acelerou para retirar o presidente da zona de risco, sob orientação da polícia. A movimentação provocou empurrões e brigas entre manifestantes, com troca de agressões físicas entre apoiadores e opositores.
De acordo com o jornal Clarín, por razões de segurança, a carreata precisou ser suspensa. Apesar do ataque, o porta-voz presidencial informou que não houve feridos. Apoiadores do governo atribuíram a violência a militantes do Partido Justicialista (PJ), que governa o município de Lomas de Zamora.
O deputado Espert acusou militantes ligados à ex-presidente Cristina Kirchner de promover os ataques e afirmou que uma fotógrafa da campanha foi ferida por uma pedra.
“Percorremos vários quarteirões em paz, com alegria e grande euforia, e em certo momento pedras caíram muito perto do presidente”, declarou Espert à emissora TN.
Milei responsabiliza oposição
Mais tarde, Milei se pronunciou em publicação no X (antigo Twitter), responsabilizando militantes ligados ao kirchnerismo. Segundo ele, os opositores recorrem à violência por “falta de ideias”.
“Depois de passar por Lomas de Zamora, onde os kukas atiraram pedras por falta de ideias, voltaram a recorrer à violência. Nos dias 7/9 e 26/10, digamos nas urnas: kirchnerismo nunca mais”, escreveu o presidente.
Na postagem, ele compartilhou ainda uma foto ao lado da irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e de Espert, reforçando o discurso de que pretende enfrentar a oposição nas urnas.
Reprodução/X
Crise no governo de Milei
O ataque à comitiva presidencial ocorre em um momento delicado para o governo Milei. A dois meses das eleições legislativas, a Casa Rosada enfrenta queda na popularidade e escândalos que atingem diretamente o círculo próximo do presidente.
Na semana passada, áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência e amigo de Milei, revelaram suspeitas de cobrança de propinas em contratos de medicamentos destinados a pessoas com deficiência. Nas gravações, Spagnuolo acusa Karina Milei de ser uma das beneficiárias do esquema e afirma que o presidente tinha conhecimento da prática.
A crise se soma a outros episódios que desgastaram o governo, como o caso da criptomoeda $Libra – promovida pessoalmente por Milei antes de causar prejuízo a milhares de compradores – e denúncias sobre a entrada de empresários no país com bagagens não fiscalizadas pela Alfândega.
A popularidade do presidente, que chegou a superar 50% no início do mandato, recuou para 41% nas últimas semanas, segundo pesquisas locais. O cenário aumenta a incerteza em torno das eleições legislativas de 26 de outubro, vistas como um referendo sobre a política de austeridade do governo, além da disputa pelo governo da província de Buenos Aires, marcada para setembro.