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Vida alienígena cancelada? “Gêmeo” da Terra pode não ter atmosfera

Vida alienígena cancelada? “Gêmeo” da Terra pode não ter atmosfera

Comumente, astrônomos se deparam com exoplanetas em condições semelhantes às da Terra, que permitiriam a existência de vida. No entanto, quase sempre são descobertas características nesses planetas que dificultam essa possibilidade. E não foi diferente com o promissor TRAPPIST-1 d.

Como o nome sugere, o exoplaneta pertence ao sistema TRAPPIST-1, que abriga sete mundos do tamanho da Terra orbitando o tipo mais comum de estrela na galáxia: uma anã vermelha. Essa configuração coloca os planetas em uma situação única. Análises anteriores já haviam descartado vida nos primeiros do sistema (identificados pelas primeiras letras do “alfabeto” do TRAPPIST-1), restando esperanças apenas para o d e seus irmãos mais distantes.

Porém, o planeta — a “terceira rocha” a partir da anã vermelha — pode não ter atmosfera. “Embora sua distância em relação à estrela o coloque no limite de uma zona potencialmente temperada, os dados iniciais do Webb não indicam a presença de atmosfera”, afirma um comunicado da equipe do telescópio James Webb.

O instrumento NIRSpec (Espectrógrafo de Infravermelho Próximo) do Webb não detectou moléculas comuns na atmosfera terrestre, como água, metano ou dióxido de carbono, em TRAPPIST-1 d.

Representação artística do exoplaneta Trappist-1 b próximo à estrela anã vermelha Trappist-1. Crédito: Thomas Müller (HdA/MPIA)

Mas nem tudo está perdido

O estudo, no entanto, não é definitivo. Os pesquisadores destacam que uma atmosfera pode existir sob condições ainda não testadas. Eles ressaltam que isso não significa o fim das esperanças para o sistema TRAPPIST-1, já que os planetas mais externos podem reter atmosferas e água.

“Há várias explicações possíveis para a não detecção de uma atmosfera em TRAPPIST-1 d. Poderia ser uma atmosfera extremamente rarefeita, semelhante à de Marte; nuvens espessas e de alta altitude, como as de Vênus, bloqueando assinaturas atmosféricas; ou, simplesmente, um planeta árido e sem atmosfera”, explica a pesquisadora Piaulet-Ghorayeb.

Imagem: oorka – istockphoto

Além disso, os instrumentos do Webb estão revolucionando o estudo de exoplanetas. “Pela primeira vez, conseguimos investigar atmosferas de planetas menores e mais frios com sensibilidade infravermelha”, diz Björn Benneke, coautor do estudo. “Estamos apenas começando a explorar a linha que separa planetas com atmosfera daqueles sem.”

“Ainda há esperança para atmosferas nos planetas do TRAPPIST-1”, complementa Piaulet-Ghorayeb. “Apesar de não termos encontrado uma assinatura clara no planeta d, os mais distantes podem abrigar água e outros componentes atmosféricos.”

O sistema TRAPPIST-1

Localizado a 40 anos-luz de distância, o sistema TRAPPIST-1 foi revelado em 2017 como recordista em planetas rochosos do tamanho da Terra orbitando uma única estrela — graças aos dados do já aposentado telescópio Spitzer da NASA e outros observatórios.

Por se tratar de uma anã vermelha fraca e fria, sua “zona habitável” (ou “zona Cachinhos Dourados”) — onde a temperatura permite água líquida na superfície — está muito mais próxima da estrela do que no nosso Sistema Solar.

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