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Simone Tebet anuncia rota da ferrovia bioceânica pelo Acre com possível mudança de trajeto

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, anunciou durante reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, nesta terça-feira (12), que o Governo Federal pretende concluir até o final de 2026 o projeto básico e executivo da Ferrovia Atlântico–Pacífico. Essa ferrovia ligará Ilhéus, na Bahia, ao Peru, passando pelo Acre.

Ela explicou que, com os estudos finalizados, a gestão seguinte poderá licitar os trechos e iniciar as obras, com a possibilidade de execução simultânea por diferentes grupos empresariais. Tebet ressaltou que, caso o projeto avance dessa forma, a ferrovia poderá ser concluída em cinco anos.

A Ferrovia Atlântico–Pacífico é apontada como estratégica para ampliar a integração logística do Brasil com a América do Sul/ Imagem: Divulgação

A escolha por construir a ferrovia paralelamente a rodovias já existentes foi destacada pela ministra como uma estratégia importante para minimizar os impactos ambientais e acelerar o processo de licenciamento, evitando possíveis atrasos judiciais. O projeto, considerado de alta complexidade, tinha uma estimativa inicial de conclusão em até sete anos, conforme previsto pela estatal Infra S.A. No entanto, com a parceria firmada com a China, o prazo foi reduzido para 18 meses. Tebet afirmou que o objetivo é entregar o projeto ao final do governo Lula III, para que o próximo governo possa, caso haja interesse político, realizar concessões dos trechos. Ela também destacou a escolha da China devido à sua expertise no setor.

A Ferrovia Atlântico–Pacífico é considerada estratégica para ampliar a integração logística do Brasil com a América do Sul, facilitando o comércio com a Ásia por meio de uma rota de exportação mais rápida e menos dependente dos portos do Atlântico.

Quanto ao percurso no Acre, o projeto bioceânico, que ligará o Brasil ao Peru, partindo da Bahia até o porto de Chancay, no Oceano Pacífico, pode ter alterações no trajeto que cruza o estado acreano. Em vez de passar pela região do Alto Acre, como previsto inicialmente, a ferrovia poderia seguir a rota da BR-364, rumo a Cruzeiro do Sul, e cruzar a fronteira até Pucallpa, cidade peruana localizada no Departamento de Ucayali.

Segundo Tebet, a escolha de construir a ferrovia às margens de rodovias já existentes é estratégica para reduzir impactos ambientais/ Foto: Pedro França, Agência Senado

Essa possibilidade foi apontada em um artigo do jornal peruano El Comercio, que se baseou em informações obtidas pelo jornalista Carlos Gonzales, com acesso a detalhes do projeto ferroviário do governo do Peru.

O ministro da Economia e Finanças do Peru, Raúl Pérez Reyes, revelou que a intenção do governo peruano é modernizar e expandir a Ferrovia Central Andina, atualmente ligando Cerro de Pasco a Lima. A proposta inclui estender a ferrovia até Pucallpa, que fica a cerca de 181 quilômetros em linha reta de Cruzeiro do Sul.

Durante um evento em Huánuco, Pérez Reyes afirmou que o objetivo é melhorar a conexão entre as cidades peruanas, levando a ferrovia até o litoral, e que os termos de referência para esse projeto estão em elaboração.

O plano contempla não só a construção do novo trecho até Pucallpa, mas também a modernização do trecho já existente entre Cerro de Pasco e Lima. Segundo o ministro, essa ampliação permitirá que os trens atinjam outros portos, como Callao e Chancay, dependendo do tipo de carga.

O governo peruano já estimou o custo para o trecho entre Pucallpa e Chancay, com um investimento previsto de US$ 14,38 bilhões para a construção de uma linha mista, que transportará passageiros e cargas ao longo de 904 quilômetros. O trajeto cruzará diversas regiões geográficas do país, incluindo costa, montanhas e selva central.

No percurso estão previstos 51 quilômetros de pontes, 156 quilômetros de túneis e 97 quilômetros de viadutos.

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