Silvero Pereira está de volta aos palcos com Pequeno Monstro, em cartaz no Teatro da Caixa Cultural Brasília até o dia 6 de julho. O espetáculo mergulha nas dores e descobertas da infância de pessoas LGBTQIAPN+ a partir da vivência do próprio ator. A peça apresenta memórias, traumas e superações para escancarar feridas abertas pela homofobia estrutural.
Em entrevista ao Metrópoles, o ator contou que precisou tratar todos os traumas em relação ao assunto em terapia para depois levar ao público sua vivência.
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“É uma peça que fala sobre violência LGBT na infância. Para fazer esse trabalho, fui buscar a criança que eu fui. As violências que sofri, os xingamentos, o bullying, as agressões físicas e verbais. Antes disso, precisei passar por um processo terapêutico profundo. O teatro não é lugar de receber essas dores. O artista precisa estar resolvido. Quem tem que sentir o impacto é o público”, afirma.
Silvero, que brilhou no audiovisual com personagens marcantes — como Verônica na novela Garota do Momento, o Maníaco do Parque e o Lunga do filme Bacurau —, defende o teatro como um espaço de transformação e troca. “Estar no palco, além de exercitar meu lado criativo, é um lugar de aprendizado. Cada plateia reage de forma diferente e isso me faz redescobrir o espetáculo todos os dias”.



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Silvero Pereira está em Brasília com o espetáculo Pequeno Monstro
Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto

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Silvero Pereira no estúdio do Metrópoles
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O ator é conhecido por seus trabalhos em novelas da Globo e filmes como Bacurau e Maníaco do Parque
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Na entrevista, ele falou sobre sua relação com o teatro e seu novo solol
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Silvero Pereira
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Silvero Pereira
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Em Pequeno Monstro, ele evita repetições mecânicas. Prefere vivenciar a peça com o público, em tempo real. “Eu não ensaio, apenas passo o texto friamente. Gosto de viver a peça naquele exato momento, junto com o espectador. A emoção precisa ser verdadeira e compartilhada. E isso me mantém vivo em cena”, explica Silvero.
Doze anos separam Pequeno Monstro de BR Trans, uma das primeiras peças de Silvero, que marcou a trajetória do ator ao tratar da temática LGBTQIA+. Ele afirma que hoje se sente um ator completo, com domínio da técnica e sem medo de errar: “Sei corrigir, sei manipular a cena. A maturidade me trouxe liberdade artística”.
A peça também propõe uma crítica direta ao modo como a sociedade naturaliza a violência. “A sociedade está tão acostumada com a violência que, quando eu começo uma história na peça e não termino, as pessoas imaginam automaticamente o pior. Isso mostra o quanto a agressividade está naturalizada, principalmente contra pessoas LGBTQIA+”.



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Silvero Pereira no estúdio do Metrópoles
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Silvero Pereira está em Brasília com o espetáculo Pequeno Monstro
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O ator é conhecido por seus trabalhos em novelas da Globo e filmes como Bacurau e Maníaco do Parque
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Na entrevista, ele falou sobre sua relação com o teatro e seu novo solol
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Silvero Pereira
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Silvero Pereira
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Silvero chama atenção para as pequenas atitudes que, somadas, constroem estruturas opressoras. “As microviolências, como um xingamento, alimentam as macroviolências. Elas se acumulam, crescem, viram agressões físicas. A gente precisa entender que faz parte desse ciclo, às vezes até de forma inconsciente”, explica.
O artista afirma que o impacto que deseja provocar com a peça vai além da empatia. “O que eu mais espero quando a pessoa sai do espetáculo é que ela tenha um pouco mais de consciência da importância que um indivíduo tem num coletivo. Qualquer movimento, por menor que seja, reverbera. Muda a sociedade. E isso é o que eu desejo”, afirma o ator.
Antes de Brasília, Silvero passou com a peça pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. Sempre com a plateia cheia, o ator comemorou a volta das temporadas de teatro nos últimos anos.
“Houve uma tentativa de sucumbir esse lugar criativo. Então, o que a gente está vivendo agora é uma explosão daquilo que foi de alguma maneira travado e a gente está jogando agora para fora. A gente é artista porque a gente não aguenta o que tem dentro da gente, a gente quer botar isso para fora, mas a gente só bota para fora porque também o espectador quer receber”, exlplica.
Após a temporada em Brasília, que termina neste domingo (6/7), Silvero volta com o solo Pequeno Monstro para Rio de Janeiro.
