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Preços do café sobem nos EUA e mercado teme alta após anúncio de tarifa contra Brasil

Preços do café sobem nos EUA e mercado teme alta após anúncio de tarifa contra Brasil. Foto: Reprodução

Os preços futuros do café subiram nesta quinta-feira (10) nos Estados Unidos após o presidente Donald Trump ameaçar impor tarifas de 50% ao Brasil, o maior produtor mundial do produto. A informação é do jornal Financial Times.

Preços do café sobem nos EUA e mercado teme alta após anúncio de tarifa contra Brasil. Foto: Reprodução

Os preços do café arábica negociados em Nova York subiram mais de 3,5% nesta quinta-feira em resposta à ameaça de Trump. O Brasil é o maior produtor mundial de café arábica.

Uma pessoa dentro do mercado afirmou ao jornal que a carta está ‘causando um choque na indústria do café’.

‘Os EUA são o principal comprador de café do Brasil, então essa tarifa certamente afetará o sentimento do mercado’, disse, sob condição de anonimato.

Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil mostram que, até o fim de novembro de 2024, os Estados Unidos importou mais de 7,4 milhões de sacas de café do Brasil, 16% da exportação mundial do país.

A mesma entidade mostra que foram 2,8 milhões de sacas apenas entre janeiro e maio de 2025.

O presidente do Lavazza Group, dono do café Lavazza, popular nos EUA, disse que tarifas entre os EUA e países como Brasil e Vietnã seriam mais desafiadoras e aumentariam o preço do café para os americanos.

‘O problema não é ter tarifas entre os Estados Unidos e a Europa. O problema é ter tarifas entre os EUA e o Brasil, os EUA e o Vietnã, os EUA e todos os países produtores de café. O resultado final será um aumento no custo do café nos EUA. Assim, o mercado americano fica mais caro para os consumidores’, comentou.

Lula promete reciprocidade

O presidente Lula afirmou que vai adotar a Lei da Reciprocidade em resposta à sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump a todos os produtos brasileiros. O Itamaraty devolveu a carta enviada a Lula pelo republicano por considerar o documento ofensivo; com afirmações inverídicas e erros sobre o comércio bilateral.

Os bolsonaristas comemoraram a decisão do presidente americano, que põe em risco milhões de empregos no Brasil, para defender aliados ideológicos e big techs. Entre as 22 nações notificadas até agora pelos Estados Unidos na nova leva de tarifas, o Brasil é o país com a maior taxa. No geral, variam entre 20 e 40%.

Na mensagem enviada ao presidente Lula, Trump alegou que taxou as importações brasileiras por causa da postura do Supremo Tribunal Federal em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, julgado por tentativa de golpe.

Lula fez uma reunião de emergência com vários ministros, mas nenhuma decisão foi tomada e ninguém falou com a imprensa.

Nas redes sociais, o presidente disse que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”. Essa lei autoriza o Poder Executivo, em acordo com o setor privado, a impor as mesmas tarifas aos Estados Unidos. Trump já avisou que se houver retaliação, vai aplicar novas sobretaxas.

Ao justificar a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o presidente Donald Trump alegou que há “ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.

O presidente americano disse também que a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma vergonha internacional e uma caça às bruxas que deve acabar “imediatamente”. Nas redes sociais, Lula respondeu que o “Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém”.

O presidente lembrou que o processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

Donald Trump diz que o STF emitiu centenas de ordens de censura “secretas” e “ilegais” às plataformas de mídia social dos Estados Unidos, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro. Lula rebateu afirmando que, no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas.

O presidente reiterou que a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e contra a liberdade democrática nas redes sociais.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que as tarifas impostas por Trump são “injustificáveis”.

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