Em conversa exclusiva com o portal ContilNet, o governador Gladson Cameli abordou publicamente, pela primeira vez, a Operação Sussuarana, desencadeada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, localizada no município de Xapuri, interior do Acre.
A iniciativa, que segue sem prazo definido para encerramento, tem como foco principal o enfrentamento da pecuária irregular em larga escala, além do combate ao desmatamento na unidade de conservação, considerada atualmente a mais devastada entre as de responsabilidade federal em todo o Brasil.

ladson pontuou que a regularização fundiária é um caminho para esse imbróglio/ Foto: ContilNet
“Fui até criticado por não ter me posicionado ainda sobre esse assunto. É um problema que tem que ser resolvido pelo Governo Federal, dar condições para essas pessoas que ali estão. Se foi legalmente ou não, houve omissão do poder público, porque deixaram. Não importa se foi no governo atual ou passado, mas houve omissão. Quem se omitiu, tem que achar uma forma para valorizar e respeitar as famílias que ali estão”, afirmou Cameli.
Ao comentar sobre a condução da operação, o governador fez um apelo por diálogo e menos polarização, ressaltando que situações semelhantes já foram enfrentadas pelo Estado, com soluções que respeitaram decisões judiciais e os direitos da população.
“Isso acontece no Estado. Não teve invasões que a Justiça pediu para que os invasores saíssem? Nós achamos alternativas. Tem que fazer da mesma forma. O diálogo é muito importante para que a gente possa resolver as situações mais complexas. Como é véspera de eleição também, tem muita politização. O maior prejudicado por isso é a população. Me coloco à disposição para acharmos uma alternativa, mas que isso sirva de exemplo para não se repetir em outras áreas”, acrescentou.
Questionado sobre a atuação do ICMBio na região da Resex, o governador preferiu adotar uma postura conciliadora e evitou apontar responsáveis pelo impasse.
“Eu sou pacificador. Prefiro não ficar buscando culpados. Prefiro me colocar como protagonista na solução, na resolução de problemas. Se a gente perder tempo dizendo que A ou B é culpado, não vai resolver nada e só vamos protelar mais ainda e criar insatisfações. Tem que arrumar solução e depende do Governo Federal”, destacou.
Para Cameli, a regularização fundiária pode representar uma alternativa viável e concreta para resolver o problema enfrentado por dezenas de famílias na reserva.
“Regularização fundiária, achar terra para essas pessoas. É o caminho. Houve uma omissão do Estado de Direito. Não importa se foi o governo federal, do estado ou município. Reserva é reserva. É a mesma coisa de dizer que vou passar uma estrada dentro da reserva sem permissão, e não pode. Lei é lei e temos regras. Temos que criar alternativas e falar a verdade para as pessoas, doa quem doer. A verdade tem que ser dita”, concluiu o governador.