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O passado e as montanhas escondidos no gelo da Antártica

O passado e as montanhas escondidos no gelo da Antártica

A Antártica esconde um segredo sob sua vasta camada de gelouma paisagem montanhosa e antiga que só agora começa a revelar seu passado geológico. Essa topografia oculta aponta para um passado dinâmico do continente.

As descobertas, publicadas na revista Earth and Planetary Science Letters, trazem novos insights sobre a história tectônica da Antártida. E ajudam a entender como os continentes evoluem ao longo de escalas de tempo geológico muito amplas.

Só agora começamos a entender como montanhas da Antártica se formaram

As Montanhas Transantárticas, que dividem a Antártica Oriental da Ocidental, sempre fascinaram cientistas e exploradores. Mas só agora começamos a entender como essa paisagem se formou e qual seu impacto nas gigantescas camadas de gelo que cobrem a região.

Antártida vista do Espaço
Só agora começamos a entender formação de paisagem na Antártica (Imagem: HAKAN AKIRMAK VISUALS/Shutterstock)

Esses são os pontos que impulsionam um novo estudo coliderado pelo geólogo Timothy Paulsen, da Universidade de Wisconsin-Oshkosh, e pelo termocronologista Jeff Benowitz, da Universidade do Colorado Boulder.

“A exploração inicial do continente antártico revelou um resultado surpreendente: uma cadeia de montanhas de 3,5 mil quilômetros de extensão, com picos acima de 4,5 mil metros, cruzando o interior continental da Antártida”, disse Paulsen, em comunicado.

“Essa cadeia era conhecida como o ‘grande horst antártico’ e hoje é reconhecida como as Montanhas Transantárticas. Essas montanhas atualmente restringem a movimentação da camada de gelo da Antártica Oriental enquanto ela flui em direção ao Mar de Ross”, explicou.

O passado das montanhas da Antártica

O novo estudo investigou o passado do embasamento rochoso das Montanhas Transantárticas. Essa base rochosa tem uma história complexa e longa (remonta a centenas de milhões de anos atrás).

Novo estudo investigou o passado do embasamento rochoso das Montanhas Transantárticas (Imagem: Oleksandr Matsibura / Shutterstock)

Para começar, ela atua como uma divisão geológica importante. Isso porque separa o antigo cráton estável da Antártida Oriental do Sistema de Fenda da Antártida Ocidental, que é mais ativo.

Além disso, pesquisas recentes mostraram que essa região foi bem mais ativa do que se imaginava. Ao longo do tempo, passou por ciclos de formação de montanhas, levantamento e erosão, por exemplo.

Como os cientistas descobriram tudo isso? Analisando grãos minerais em rochas ígneas das montanhas.

“A evolução tempo-temperatura das rochas […] pode fornecer pistas importantes para entender o desenvolvimento da topografia do embasamento sob o gelo da Antártida — especialmente paisagens antigas que precedem o surgimento cenozóico das Montanhas Transantárticas e como essas montanhas mais antigas possivelmente influenciaram os ciclos glaciais”, disse Benowitz.

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Formação de montanhas

A equipe encontrou várias fases de formação de montanhas e erosão nas rochas do embasamento.

Rochas de montanhas enfrentaram eventos ligados a grandes mudanças tectônicas ao redor da Antártica (Imagem: Konstantin Grosch 1986/Shutterstock)

“Nossos novos resultados sugerem que as rochas do embasamento das Montanhas Transantárticas passaram por vários eventos pontuais de formação de montanhas e erosão, criando superfícies ao longo das quais rochas antigas estão ausentes”, disse Paulsen.

Esses eventos estão ligados a grandes mudanças tectônicas ao redor do continente e fornecem indícios de um importante período glacial de cerca de 300 milhões de anos atrás.

Isso mostra que a topografia da Antártida mudou bastante ao longo do tempo, moldada por forças naturais como soerguimento (ato ou efeito de levantar um pouco), erosão e antigos períodos glaciais.

Outro estudo recente também apontou para a existência de uma cadeia de montanhas escondida sob o gelo da Antártida Oriental, formada há mais de 500 milhões de anos. Essa cadeia, no entanto, nunca foi observada diretamente.

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