Homem se retrata após ameaças contra frigorífico e nega envolvimento de facção criminosa

Agora, com um tom completamente diferente, o homem alegou ter se excedido e disse que a organização criminosa mencionada não possui qualquer envolvimento com as ameaças ou com o caso

O homem que havia se passado por membro de facção criminosa e proferido ameaças contra o responsável por um frigorífico onde estavam guardadas dezenas de cabeças de gado apreendidas na Operação Suçuarana voltou atrás nas declarações. A retratação foi feita por meio de áudios enviados a grupos no WhatsApp. Em mensagens anteriores, divulgadas pelo ContilNet, ele se identificava como integrante do Comando Vermelho e afirmava que pretendia “metralhar todo mundo” dentro do estabelecimento.

Gado apreendido por operação do ICMBio foi furtado durante a madrugada de terça (17) — Foto: Asscom/ICMBio

Agora, com um tom completamente diferente, o homem alegou ter se excedido e disse que a organização criminosa mencionada não possui qualquer envolvimento com as ameaças ou com o caso.

“Ó galera, eu tô aqui pra retratar esses áudios anteriores que eu passei, entendeu? Falando sobre o frigorífico aí que abateu o gado da minha família e eu tava matando. E eu meti aí a organização do Comando Vermelho no meio. E ele não tem nada a ver, eu falei isso porque eu tava de cabeça quente, entendeu? O Comando Vermelho não tem nada a ver com isso, entendeu? Eu falei isso com cabeça quente porque o Estado ‘fila da puta’. O Estado opressor que só presta pra oprimir, chegaram nas terras dos meus parentes e levaram tudo, entendeu?”, disse.

O homem ainda reforçou a ausência de qualquer participação da facção, insistindo que suas declarações foram motivadas por raiva no momento em que gravou os primeiros áudios:

“Quero deixar bem claro aqui que o Comando Vermelho não tem nada a ver com isso, entendeu? Eu usei isso com a cabeça quente, tudo certo? O problema é o Estado, que é o opressor”, acrescentou.

Ao final, ele pediu desculpas pelas declarações e tentou amenizar os ânimos com os funcionários do frigorífico.

“E outra, que o pessoal também do frigorífico aí estava com gado apreendido, abatido, que fique tranquilo, entendeu? Por conta que, se eles estão fazendo isso, é porque o Estado opressor está obrigando, né? Então peço desculpas aí a todos e usei isso porque eu estava com a minha cabeça muito quente por conta que era minha família, mas é isso aí”, finalizou.

Enquanto isso, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o local onde os bois estavam sob custódia foi alvo de uma invasão na madrugada de terça-feira. Os invasores destruíram parte do muro e arrombaram o cadeado para entrar no espaço. O gado, apreendido por estar sendo criado de forma irregular na Reserva Extrativista Chico Mendes, seria destinado à alimentação escolar de crianças da região.

Para o ICMBio, o episódio representa uma tentativa de impedir a atuação das equipes de fiscalização em terras públicas federais. Além disso, o órgão ambiental revelou que o dono do frigorífico, que vinha cooperando com as autoridades, passou a receber ameaças de morte.

As autoridades policiais assumiram o caso, que está sendo tratado como crime federal por tentar barrar ações fiscalizatórias ambientais. O ICMBio afirmou que tomará todas as medidas legais para garantir a continuidade da operação e identificar os responsáveis pela invasão e retirada dos animais do local.