Delegado aponta que conclusão do caso Aurora depende apenas de laudos periciais

Conforme relatado por ele, a técnica de enfermagem que conduziu o banho da recém-nascida prestou depoimento na última sexta-feira (27)

O delegado Vinícius Almeida, que conduz a apuração do caso envolvendo a bebê Aurora — que sofreu queimaduras durante um banho realizado na Maternidade de Cruzeiro do Sul — afirmou nesta segunda-feira (30) que o inquérito está praticamente finalizado, faltando apenas os resultados dos exames periciais para definir eventuais responsabilidades da profissional de saúde envolvida no episódio.

Aurora foi transferida para fora do estado/ Foto: ContilNet

“Já ouvimos várias pessoas. O caso está praticamente encerrado no que diz respeito à investigação policial. Agora, estamos no aguardo da entrega dos laudos técnicos, que vão determinar a tipificação legal da conduta da profissional”, declarou o delegado.

Conforme relatado por ele, a técnica de enfermagem que conduziu o banho da recém-nascida prestou depoimento na última sexta-feira (27). Segundo a própria profissional, ela teria testado a temperatura da água antes de utilizar a banheira. “Ela alegou que deixou a água cair no pulso para verificar a temperatura, e que ninguém no local a alertou de que a água estaria quente demais”, detalhou Vinícius.

Entretanto, a versão fornecida pela técnica diverge de declarações feitas por outras testemunhas presentes na maternidade no momento do ocorrido. “Várias pessoas relataram que alertaram a profissional sobre a temperatura da água, mas ela nega ter recebido qualquer aviso”, pontuou o delegado. A funcionária atua na unidade há mais de uma década e, segundo informações, não possui registros anteriores de falhas em sua conduta profissional. Apesar disso, o episódio gerou forte impacto psicológico.

“Ela se mostrou bastante abalada. Acredito que, caso seja comprovado que a criança não possui uma doença rara de pele, como foi cogitado inicialmente, ninguém em sã consciência faria algo assim de forma intencional com um recém-nascido”, avaliou Vinícius.

Durante o depoimento, a profissional relatou estar com receio devido à forte comoção provocada nas redes sociais. “Ela relatou temor por conta de ameaças, inclusive de facções criminosas, diante da revolta gerada pelo caso. A gente sabe que, com as redes sociais, surgem julgamentos precipitados que podem colocar pessoas em risco”, disse o delegado.

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) segue à frente das investigações, e os desdobramentos dependem diretamente dos resultados técnicos dos exames feitos na bebê. Somente com esses dados será possível avaliar se houve falha por negligência, imperícia ou se a conduta da profissional será enquadrada criminalmente.