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Creatina engorda? Entenda os mitos do suplemento

Creatina engorda? Entenda os mitos do suplemento

A creatina é uma substância usada, sobretudo, para melhorar a capacidade física. Contudo, ela já foi associada a problemas de saúde, como câncer, hipertensão e distúrbios renais. Também há quem diga que ela engorda. Mas, afinal, o que é mito e o que é verdade sobre a creatina?

Creatina e doenças

Um estudo publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition aponta que não existe relação entre doses controladas de creatina e algumas doenças. A substância, segundo a pesquisa, não altera os rins e não causa câncer, hipertensão ou calvície.

Ainda assim, os pesquisadores levantam dúvidas, pois existem questões sobre suas propriedades terapêuticas e uso durante a gestação.

Capa - Creatina
Substância tem benefícios comprovados por estudos (Imagem: Gleb Usovich/Shutterstock)

Segundo Charlene Monteiro, nutricionista especializada em Nutrição Clínica e Saúde da Mulher, a substância é utilizada, especialmente, como recurso ergogênico para aumento e recuperação de massa muscular e melhora do desempenho físico.

Funcionamento da substância   

Por sua vez, ao Jornal da USP, Hamilton Roschel, professor da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP), diz que “a creatina é um composto produzido no nosso próprio organismo, em particular nos rins e fígado, a partir de três aminoácidos: a arginina, a glicina e a metionina“.

Roschel também indicou não haver ligação entre hipertensão e a creatina. “Uma vez que se trata de uma substância que causa retenção de fluido intracelular, há uma preocupação infundada de que isso poderia afetar tanto a função renal quanto a pressão arterial”, diz.

Ainda, o estudo garante que a creatina não leva à produção de células cancerígenas, mas, sim, é capaz de auxiliar na recuperação de massa muscular de pacientes que têm a doença.

O professor da USP e coautor do artigo, Bruno Gualano, pontua que “existe, na literatura, uma evidência muito grande de que o suplemento é seguro, tanto na função renal, quanto para a saúde hepática, que não causa câimbras, nem calvície, ou inflama, ou causa hipertensão arterial”.

Creatina também ajuda pessoas sob condição de estresse (Imagem: Savvapanf Photo/Shutterstock)

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E obesidade, a creatina pode causá-la?

Segundo Monteiro, isso é mito. “A creatina não engorda e é uma substância naturalmente produzida pelo organismo. O que ocorre é que a creatina quando é absorvida, carrega água para dentro da célula, ou seja, a retenção de água ocorre dentro das células musculares. Além disso, ela auxilia no aumento da síntese muscular. Então, esses fatores podem ser confundidos com ganho de peso“, explica.

E ela vai além, indicando que pessoas com sobrepeso podem utilizar a substância sem problemas. “[Pessoas com sobrepeso] devem usar, já que a creatina influencia na recuperação e ganho de massa muscular por meio do fornecimento de energia (ATP) ao nível celular, podendo proporcionar aumento de força muscular e intensidade dos treinos. Esses fatores podem aumentar o volume de treinos e o gasto calórico, podendo gerar perda de peso“, salienta.

Benefícios ao cérebro

Outro estudo, publicado na Scientific Reports, aponta que a creatina também tem efeitos no cérebro. Ela traz melhoras cognitivas, especialmente nas situações de privação de sono. Entenda mais:

Segundo os pesquisadores, o corpo reabastece a creatina nos músculos esqueléticos de forma natural, contudo, uma pequena quantidade também se armazena no cérebro. Sua suplementação auxilia na manutenção do estoque.

Pesquisadores pedem que as pessoas passem por especialistas antes de inserir substância na rotina diária (Imagem: Gleb Usovich/Shutterstock)

Os cientistas descobriram que, em casos de estresse, como a privação de sono, o cérebro começa a captar mais creatina, podendo, assim, mitigar os efeitos negativos dessa condição.

Mas os autores da pesquisa alertam: consumir 20 gramas da substância — considerado alto em um dia somente — pode causar efeitos colaterais, como desconforto gastrointestinal (incluindo náuseas e diarreia); inchaço, cãibras e possibilidade de desidratação; além de sobrecarga potencial dos rins e do fígado.

Esses pesquisadores defendem, portanto, a necessidade de mais estudos para ratificar os benefícios apontados no artigo, bem como orientam que as pessoas recebam auxílio profissional antes de incluir a substância em seu dia a dia.

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