Após 7 anos, começa o júri do feminicídio de acreana morta pelo marido em Minas

Marina Parreiras foi morta em 2018 dentro do próprio apartamento; julgamento do réu acontece nesta terça (24), em Juiz de Fora, e mobiliza movimentos contra o feminicídio

Natural do Acre, Marina Gonçalves Cunha Parreiras foi vítima de um dos casos mais chocantes de feminicídio em Minas Gerais. Em 2018, ela foi assassinada pelo próprio marido, Pedro Araujo Cunha Parreiras, dentro do apartamento onde o casal morava, em Juiz de Fora. Sete anos depois, o acusado será julgado no Tribunal do Júri, nesta terça-feira (24), no Fórum Benjamin Colucci.

As investigações apontam que Marina foi morta por asfixia. O agressor desfigurou o rosto da vítima e tentou dificultar sua identificação. Para ocultar o crime, Pedro colocou o corpo em um carrinho de compras do condomínio, cobriu com sacolas de supermercado e abandonou em uma área de mata no Parque da Lajinha. Marina ficou desaparecida por cerca de dez dias.

Marina Parreiras era do Acre e foi assassinada pelo companheiro em 2018, em Minas Gerais; o julgamento do réu ocorre sete anos depois/Foto: Reprodução

O reconhecimento só foi possível por causa do número de série da prótese de silicone que ela usava. A família da acreana, que se recusou a aceitar o silêncio das autoridades, foi essencial para que o corpo não fosse enterrado como indigente.

Na época do crime, Marina vivia um momento de valorização pessoal e profissional, e havia confidenciado a pessoas próximas o desejo de se separar. A denúncia afirma que o feminicídio foi motivado pela recusa do agressor em aceitar o fim do relacionamento.

Pedro Parreiras responderá por homicídio qualificado — com as agravantes de feminicídio, motivo fútil, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e crime cometido na presença de um descendente. Ele também foi denunciado por ocultação de cadáver e fraude processual.

O caso será acompanhado por organizações de defesa dos direitos das mulheres, familiares da vítima e apoiadores que exigem justiça.

Além disso, durante as investigações, foi revelado que o acusado chegou a ser solto temporariamente por um habeas corpus, mas retornou à prisão pouco tempo depois e aguarda o julgamento detido no Centro de Remanejamento Provisório (Ceresp) de Juiz de Fora. O filho do casal, que tinha apenas 7 anos na época do crime, estava presente no apartamento no momento do assassinato, tornando a situação ainda mais dolorosa para a família. A expectativa é que o julgamento aconteça com atenção redobrada, dada a gravidade e a repercussão do caso.