A Operação Suçuarana, que atua no combate à criação irregular de gado em larga escala dentro da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre, permanece no centro de debates e controvérsias. Nesta sexta-feira (21), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) voltou a se manifestar publicamente, reafirmando o cumprimento de decisões judiciais e rebatendo desinformações que circulam desde o início da ação, deflagrada no último dia 5 de junho, ainda sem data definida para encerramento.

Além da retirada dos animais, os responsáveis também estão sendo autuados por outras infrações/ Foto: Avervo ICMBio
Segundo comunicado oficial do ICMBio, a operação visa retirar rebanhos criados de maneira ilegal em terras públicas e não tem como alvo os pequenos produtores da região.
“É falso que a Operação Suçuarana, realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no estado do Acre, tenha como alvo pequenos produtores rurais da região. Deflagrada no dia 5 de junho, a ação teve como base decisões judiciais que confirmam a ilegalidade da criação de gado em áreas embargadas da unidade. A onda de desinformação que simulou manifestações de pequenos agricultores tinha como objetivo atrapalhar a operação e descredibilizar a decisão judicial junto à opinião pública local”, pontuou o órgão.

A operação vem fiscalizando diversas propriedades localizada dentro da Resex Chico Mendes/Foto: Cedida
A autarquia esclareceu ainda que os alvos da operação são quatro indivíduos responsáveis por criar gado em duas áreas distintas da Resex, todas já com histórico de notificações legais e decisões judiciais.
“As notícias falsas acusavam agentes federais de maus-tratos contra a população e alegavam que pequenos produtores rurais estariam sendo vítimas da ação, quando, na verdade, a Operação Suçuarana visa quatro particulares que ocupam duas áreas distintas. Dois desses, ocupantes ilegais de uma área, já recebiam notificações administrativas e judiciais desde 2016, incluindo reintegração de posse, desocupação da área e retirada de gado em área embargada. Os dois ocupantes ilegais da outra área eram notificados pelos mesmos tipos de instrumentos desde 2011, sendo que um desses envolvidos já responde a outros processos na Justiça Federal por crimes ambientais na mesma região”, acrescentou.
O ICMBio reforça que as ações estão amparadas por decisões judiciais definitivas e que houve resistência por parte dos infratores, inclusive com ações consideradas criminosas.
“Inflando, com desinformação, a população local contra a operação do ICMBio, os invasores cometeram uma série de crimes durante a ação. O ápice dos ataques criminosos ocorreu na madrugada da terça-feira (17), quando um grupo invadiu o frigorífico localizado na cidade de Brasileia, no Acre, onde estava armazenado o gado ilegal apreendido pela Operação Suçuarana. Este ato criminoso se somou a ameaças de morte ao dono do frigorífico”, pontuou o instituto.
O ataque citado causou prejuízos ao destino planejado dos animais apreendidos.
“O grupo destruiu o muro, rompeu o cadeado do local, soltou e roubou dezenas de cabeças de gado que seriam abatidas e destinadas à merenda escolar de milhares de crianças. Dos 355 animais apreendidos, 85 foram perdidos ou roubados durante o ataque ao frigorífico. Os demais foram recapturados e enviados para abate (bois) ou doação (vacas e bezerros).”
A Resex Chico Mendes é uma área federal reservada ao uso sustentável por populações tradicionais. Estima-se que 91% de seu território ainda esteja preservado, e sua existência tem papel central na mitigação dos efeitos das secas no estado. Um estudo da Universidade Federal do Acre, publicado em 2023, reforça a importância da reserva para a regulação climática e segurança hídrica da região.
Embora tenha havido avanço no combate ao desmatamento a partir de 2023, a unidade segue sob pressão devido a focos de incêndio e à ocupação irregular. Em resposta, o ICMBio intensificou a fiscalização com nova rodada de notificações a partir de dezembro de 2024, culminando na Operação Suçuarana.
A ofensiva conta com apoio da Força Nacional, Polícia Federal, Exército, PRF, MPF, IDAF e do BPA do Acre. O objetivo declarado é retirar rebanhos que resultam de desmatamento ilegal e garantir a integridade da reserva, beneficiando as comunidades extrativistas legalmente estabelecidas.
Com informações do Governo Federal.