Três construções desenvolvidas na Aldeia Sagrada Yawanawá, no Alto Rio Gregório, estão entre os destaques da 19ª Exposição Internacional de Arquitetura, Biennale Architettura, em Veneza, na Itália. O evento, que ocorre de 10 de maio a 23 de novembro, reúne projetos que integram saberes ancestrais, sustentabilidade e tecnologia.
As edificações — o Centro Cerimonial (Shuhu), a Casa Modelo e a Universidade dos Saberes Ancestrais — foram selecionadas por representarem uma arquitetura colaborativa, alinhada à preservação ambiental e aos desafios das mudanças climáticas. O projeto é fruto da parceria entre o cacique Biraci Yawanawá e o escritório Rosenbaum Arquitetura.

As edificações foram selecionadas por representarem uma arquitetura colaborativa, alinhada à preservação ambiental/ Foto: Secom
Construídos com madeira nativa e técnicas sustentáveis, os prédios foram erguidos com participação da comunidade indígena, de construtores ribeirinhos e de uma equipe multidisciplinar. A logística da obra envolveu desafios, como o transporte de um trator desmontado por longos trechos de rio em meio à floresta.
A maior das três estruturas é a Universidade dos Saberes Ancestrais, com 1.265 metros quadrados e desenho em formato de “Y”, símbolo da união dos caminhos do conhecimento, segundo a tradição Yawanawá. O espaço conta com 12 salas de aula, cozinha industrial, refeitório para 250 pessoas e capacidade para acomodar até 150 redes.
Universidade dos Saberes Ancestrais, com 1.265 metros quadrados/ Foto: Secom
O Centro Cerimonial, conhecido como Shuhu, possui 1.150 metros quadrados, com uma cobertura circular de 41 metros de diâmetro e vão livre de 33 metros. Já a Casa Modelo foi projetada para oferecer conforto térmico e integração com o ambiente, dispondo de quatro quartos, sala, cozinha, dois banheiros e pátio interno.
No Shuhu acontecem as principais atividades sociais da aldeia/ Foto: Secom
A curadoria da Bienal, comandada por Carlo Ratti, adota o tema “Intelligens. Natural. Artificial. Collective”, que destaca práticas arquitetônicas baseadas na união entre natureza, tecnologia e coletividade.
Para o cacique Biraci Yawanawá, o projeto é uma expressão da cultura e da visão de mundo do povo Yawanawá. “Cuidamos da natureza à nossa volta e não dá para fazer isso sozinho. Precisamos de parcerias que respeitem nossos saberes e fortaleçam nosso trabalho de preservação”, afirma.
As edificações sediaram a realização da 5ª Conferência Indígena da Ayahuasca. Foto: Felipe Freire/Secom
A participação na Bienal também foi celebrada pela diretora de Povos Indígenas da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi), Nedina Yawanawá. Segundo ela, mais do que estruturas físicas, as edificações representam a cosmovisão, a identidade e a resistência cultural dos povos originários.
Com informações Agência de Notícias do Acre