A população de Sena Madureira segue relatando sérios problemas no sistema de saúde do município, especialmente quanto à ausência de medicamentos nas unidades públicas. Relatos enviados à reportagem nesta terça-feira (6) mostram o desespero de moradores que, diante da falta de remédios básicos, têm arcado com custos que comprometem seus salários.

Ministério Público abriu uma investigação para apurar o caso/Foto: Reprodução
Uma das residentes da cidade, em áudio compartilhado, desabafou sobre a necessidade de custear do próprio bolso os medicamentos para controle de pressão arterial. Segundo ela, há pelo menos duas semanas não encontra os remédios necessários na farmácia central da cidade. O apelo foi direcionado aos vereadores, exigindo providências imediatas.
“É a primeira vez que falo aqui, mas não dá mais para ficar calada. A farmácia municipal está completamente sem medicamentos. Eu mesma dependo de remédios para pressão e já faz dias que não consigo pegar. Estou tendo que comprar tudo”, relatou. Ela também destacou a situação de um familiar acamado que depende de cuidados constantes e medicamentos contínuos, como dipirona, que agora precisam ser adquiridos com recursos próprios.
A moradora revelou que, mensalmente, chega a comprar cerca de 700 comprimidos para dar conta do tratamento, o que considera insustentável. “Tenho todos os documentos para comprovar isso. É uma injustiça com quem não tem condições financeiras. É revoltante”, lamentou.
Outro problema apontado é a falta de insumos em unidades específicas, como o posto do bairro Ana Vieira, onde, segundo ela, não há nem soro fisiológico disponível, o que inviabiliza até mesmo curativos e atendimentos odontológicos.
Diante da gravidade das denúncias, o Ministério Público do Acre (MPAC) instaurou um procedimento administrativo para apurar as falhas na rede de saúde municipal. O órgão já notificou o secretário de Saúde, Nelson Sales, solicitando informações detalhadas sobre o fornecimento de medicamentos, além de esclarecer se houve ou não dispensa de licitação na compra dos produtos.
Em paralelo, o MPAC também investiga possíveis irregularidades em gastos da Prefeitura com combustíveis, que teriam ultrapassado R$ 1,9 milhão, levantando ainda mais questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos no município.
