A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) formalizou, em 9 de abril, a criação de um Grupo Técnico (GT) para conduzir os estudos necessários à identificação e delimitação da Terra Indígena Kuntanawa, situada às margens do Rio Tejo, em Marechal Thaumaturgo. O GT tem até 9 de junho para apresentar o Plano de Estudos, que incluirá análises antropológicas, etno-históricas, sociológicas, jurídicas, cartográficas e ambientais.
A equipe técnica é composta por profissionais especializados: Marcos de Almeida Matos, doutor em antropologia, atuará como coordenador; Paula Lima Romualdo, mestre em agroecologia, contribuirá na área ambiental; Davi Palhares de Polari Alverga, geógrafo, será responsável pela cartografia; e Tarik Argentim, especialista em indigenismo, servirá como assistente técnico.
Funai inicia demarcação da terra indígena com mais de 800 pessoas no interior do Acre/Foto: Reprodução
Haru Kuntanawa, liderança do povo Kuntanawa, expressou satisfação com o avanço do processo. Ele destacou que, apesar de ocuparem a região há gerações, a comunidade ainda enfrenta exclusão de políticas públicas essenciais, como educação diferenciada, segurança alimentar e saneamento básico. Atualmente, o único benefício recebido é a atenção básica à saúde indígena, fornecida pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).
“Com a demarcação, poderemos reivindicar nossos direitos como povo indígena, buscando maior inclusão e oportunidades para nossa comunidade”, afirmou Haru.
Estima-se que mais de 800 pessoas se identifiquem como parte do povo Kuntanawa, incluindo descendentes que vivem em comunidades vizinhas e áreas urbanas. A Terra Indígena Kuntanawa está localizada dentro da Reserva Extrativista (Resex) do Alto Juruá. Haru enfatizou o compromisso da comunidade em manter relações harmoniosas com os moradores da região, destacando a importância de um processo justo e pacífico.
“Nosso povo foi pioneiro na luta pela criação da Reserva Extrativista, integrando indígenas e não indígenas. Queremos justiça para todos e construiremos esse território com consciência e diálogo”, concluiu Haru.
A iniciativa da Funai reflete o compromisso do governo federal em avançar na demarcação de terras indígenas, reconhecendo os direitos dos povos originários e promovendo sua inclusão nas políticas públicas nacionais.

