A Rússia estaria prestes a realizar um lançamento de treinamento do míssil balístico intercontinental RS-24 Yars, segundo informações da Inteligência de Defesa da Ucrânia (HUR). O disparo, previsto para a noite de 19 de maio, partiria da região de Sverdlovsk, nos Urais, e, embora utilize uma ogiva não nuclear, levanta atenção internacional pelo potencial destrutivo da arma.
Projetado para integrar o sistema estratégico de dissuasão nuclear da Rússia, o RS-24 Yars é considerado um dos mais avançados mísseis balísticos intercontinentais em operação no mundo. O teste ocorre em um momento diplomático sensível, poucos dias após negociações de paz entre Rússia e Ucrânia em Istambul e antes de um telefonema previsto entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump.
Capacidade de alcance global do míssil RS-24 Yars
- O RS-24 Yars é um míssil balístico intercontinental movido a combustível sólido, com alcance estimado de até 11 mil quilômetros.
- Em operação desde 2010, o modelo pode transportar múltiplas ogivas com alvos independentes — tecnologia conhecida como MIRV (Multiple Independently Targetable Reentry Vehicles).
- Além da alta capacidade de manobra, o sistema pode atingir velocidades superiores a Mach 25 (cerca de 30.600 km/h), dificultando sua interceptação por sistemas antimísseis.
- O lançamento seria feito a partir de uma plataforma móvel, o que reforça sua capacidade de resposta rápida e mobilidade estratégica.
Potência e função estratégica
Em versões armadas, o Yars pode carregar ogivas nucleares com poder equivalente a mais de um megaton de TNT, tornando-se um dos principais elementos do arsenal estratégico russo. Seu desenvolvimento foi pensado como uma evolução do míssil Topol-M, com melhorias em precisão, mobilidade e resistência a sistemas de defesa antimíssil.
Segundo analistas militares, o sistema RS-24 desempenha papel central na estratégia de dissuasão da Rússia, funcionando tanto como arma de retaliação quanto como peça de pressão geopolítica. Mais de 50 lançadores estavam em operação até meados de 2017, e o míssil é integrado às forças estratégicas do país com capacidade de resposta rápida.
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Sinalização militar
Apesar de o lançamento anunciado ser não nuclear e classificado como teste, especialistas apontam que a escolha do momento — logo após uma rodada de negociações diplomáticas — tem potencial de funcionar como sinalização de força. Ainda que o Kremlin não tenha confirmado oficialmente o disparo, movimentos semelhantes ocorreram em outros momentos de tensão recente.
O local de lançamento, nas proximidades da vila de Svobodny, permanece dentro do território russo, o que indica uma tentativa de demonstrar capacidade operacional sem violar fronteiras ou tratados. Mesmo assim, a movimentação é vista como estratégica, em especial diante de uma possível retomada das conversas com líderes ocidentais.