Em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta quarta-feira (7), o engenheiro civil Ricardo Araújo, superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), falou sobre as críticas às condições da BR-364. Durante o evento, ele destacou que o Estado enfrenta um dos maiores desafios em termos de infraestrutura devido à qualidade do solo.

Ricardo Araújo durante audiência na Aleac/Foto: ContilNet
Ricardo explicou que o Acre possui o solo mais problemático do Brasil, caracterizado pela argila Tabatinga, um material de alta expansão que, além de não reter água, pode inchar e comprometer as construções. Segundo o superintendente, isso é o principal fator para o elevado número de erosões ao longo da rodovia.
“Infelizmente, o Acre foi agraciado com o pior solo do Brasil. O pior solo do Brasil, que é a argila Tabatinga. É um material que não tem suporte, alta expansão; ele não pode reter água, ele já incha e destrói tudo. E é por isso que nós temos, nesse trecho, o maior número de erosões. Nossa BR corta todos os igarapés. Todos os rios que nós temos passam por essa BR. É o pior caminho, mas na época era o que tínhamos em termos de tecnologia porque nós precisávamos integrar as cidades”, relatou Ricardo.
Além disso, o superintendente destacou que a BR-364 é uma das poucas rodovias do Brasil, incluindo o Norte, que apresenta a maior média de bueiros por quilômetro, com cerca de cinco linhas de bueiros a cada quilômetro.
“Esse é um dos maiores desafios, pois o solo não tem sustentação. A rodovia possui uma camada de argila de até um quilômetro de profundidade, que mais parece uma lama asfáltica. E esse tipo de solo não pode ser substituído; ele está aqui e precisamos trabalhar com ele da melhor forma possível”, explicou.
Ricardo reiterou que, para resolver o problema da BR-364, será necessária uma reconstrução completa da rodovia.
“Não podemos mais fazer reparos. O que precisamos é de uma reconstrução total. A situação atual da BR é de falência do pavimento”, afirmou, mencionando que mais de 250 erosões foram registradas ao longo da rodovia em um levantamento recente realizado pelo DNIT.
Investimentos e futuro da BR-364
Ricardo anunciou que, nos próximos dias, mais de R$ 300 milhões devem ser liberados para iniciar o processo de recuperação da estrada que corta vários municípios do Acre.
“A boa notícia que trazemos aqui é a de que conseguimos balanças para a rodovia, depois de quatro meses sem balança. São duas balanças para a BR, que fazem com que a gente consiga controlar o peso dos veículos. A parte do recurso já deve ser liberada até o fim de maio. São várias janelas, mas essa inicial chega a mais ou menos R$ 300 milhões para começar os trabalhos. Com isso, já vamos começar a construir os macadames, que são uma parte da reconstrução”, explicou.
O superintendente também deu detalhes sobre o cronograma de obras. Segundo ele, até setembro, o primeiro lote de 100 km de obras será licitado, com foco na área que vai de Sena Madureira até 20 km após a entrada de Manoel Urbano.
“Até o final do ano, o segundo lote, de mais 100 km, será licitado, chegando até Feijó. Nossa meta é licitar os dois lotes ainda este ano, abrangendo um total de mais de 200 km”, disse.
Para o ano seguinte, 2026, o DNIT prevê a licitação de mais 200 km de estrada, entre Feijó e o Rio Liberdade.
“A reconstrução da BR-364 já está em andamento. Não se trata mais de um simples reparo, mas de uma reestruturação completa para garantir a qualidade do tráfego e o acesso seguro aos municípios. Antes de dezembro, não havia buracos na estrada, mas a falta de balanças e o atraso na votação do orçamento causaram sérios prejuízos ao andamento das obras. Tivemos que fazer o possível com o mínimo de recursos”, concluiu Ricardo.