Longa gravado em aldeias indígenas do Acre chega a festival de cinema em Paris

Documentário de Gabriel Sager retrata conexão dos Huni Kuï com a floresta

O curta-metragem Huni Kuï, povo verdadeiro, dirigido por Gabriel Sager Rodrigues, foi selecionado para a edição de 2024 do Festival de Cinema Brasileiro de Paris — uma das principais janelas internacionais para o cinema produzido no Brasil. O evento, que teve início em 29 de abril e encerra-se nesta terça-feira (6), reúne uma seleção de obras que evidenciam a pluralidade do audiovisual brasileiro contemporâneo.

Documentário foi gravado nas aldeias da Terra Indígena do Rio Humaitá, no Acre, em uma imersão profunda na rotina e na cosmovisão do povo Huni Kuï / Foto: Panda Filmes

Com 20 minutos de duração, o documentário foi filmado nas aldeias localizadas na Terra Indígena do Rio Humaitá, no estado do Acre. A produção mergulha na vivência cotidiana e no universo espiritual do povo Huni Kuï, cujo nome pode ser traduzido como “povo verdadeiro”. A exibição na capital francesa ocorreu nesta segunda-feira (5), junto a outros 35 títulos selecionados, entre eles Ainda Estou Aqui, Vitória e O Auto da Compadecida 2.

“É um privilégio dividir espaço com obras de tamanha relevância e ver o nosso trabalho reconhecido em um festival desse porte”, disse Gabriel Sager Rodrigues, que também atuou como diretor de fotografia do curta.

acesso às aldeias pode levar de dois dias a uma semana de viagem de barco, dependendo das condições do rio. / Foto: Panda Filmes

O projeto contou com a colaboração de Tatiana Sager na co-direção, e com roteiros de Renato Dornelles e Carlos Hammes. Tatiana e Dornelles são conhecidos por trabalhos anteriores, como o premiado documentário Central – O poder das facções no maior presídio do Brasil, que expõe o cotidiano de mulheres no sistema penitenciário brasileiro.

Conexão profunda com a floresta e seus saberes

Gravado em 2024, o curta retrata o modo de vida dos Huni Kuï, que habitam áreas remotas da Amazônia acreana. A chegada às aldeias pode demandar de dois dias a uma semana de navegação pelos rios da região. A obra valoriza a narrativa construída a partir da própria perspectiva dos indígenas, mostrando suas relações com o meio ambiente, animais, plantas e entidades espirituais. Também destaca os conhecimentos tradicionais em medicina e os rituais que compõem sua herança cultural.

“A inclusão de povos originários em nossas produções é indispensável, especialmente quando tratamos de temas ligados aos direitos humanos”, destacou Tatiana Sager. “Ter esse trabalho exibido em Paris é motivo de grande orgulho.”

A montagem do filme foi feita por Luca Alverdi, Gabriel Sager Rodrigues e Tula Anagnostopoulos. A trilha sonora original foi composta por Lila Borges, e o trabalho de som ficou por conta de Wendel Fey e Luis Alberto Muniz. A produção envolveu diversos coletivos e produtoras, como Panda Filmes, Falange Produções, Aldeia Mati Txana Mukaya, Cabiria Produções e Tucano Filmes.

Além de Huni Kuï, povo verdadeiro, o festival também conta com outra produção do sul do país: Anahy de las Missiones, clássico dirigido por Sérgio Silva, lançado em 1997.

 

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