A honraria foi estabelecida pela Lei nº 15.129, de 2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ambientalista e protetor ambiental, Rogério Mendes, publicou em suas redes sociais um manifesto em defesa do município de Xapuri após sanção da Lei nº 15.129, que confere a Sena Madureira o título de “Capital Nacional da Castanha-do-Brasil”.
O descontentamento com o título surgiu com base em dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta Xapuri como a maior produtora de castanha em 2023 no estado do Acre, com um total de 2.005 toneladas. Rogério é filho de Raimundão, primo de Chico Mendes.

O manifesto foi publicado nas redes sociais do ambientalista/ Foto: Reprodução
“Segundo o IBGE, Xapuri lidera a produção estadual com 2.005 toneladas em 2023, sendo o terceiro maior produtor do Brasil. Enquanto isso, Sena Madureira aparece apenas na quarta posição. O que se vê aqui é mais uma manobra de interesses políticos que invisibiliza o trabalho árduo de homens e mulheres da floresta, que tiram o sustento da castanha com respeito à natureza, sem desmatamento, com herança de saberes passados por gerações”, diz trecho do manifesto.
Segundo o texto, a lei desrespeita não só os dados nacionais, mas também, fere a dignidade de centenas de famílias que vivem do extrativismo na região.
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“Embora revestido de um discurso simbólico, esse título é, na prática, um jogo político que desrespeita os dados oficiais e ignora a realidade vivida por centenas de famílias extrativistas que produzem castanha de forma sustentável em Xapuri, o verdadeiro berço da castanha no Acre”.
A Lei
A honraria foi estabelecida pela Lei nº 15.129, de 2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (29), e tem origem no Projeto de Lei 2.488/2023, de autoria do ex-deputado federal e atual prefeito do município, Gerlen Diniz.
No Senado, a proposta foi analisada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), onde recebeu parecer favorável do senador Alan Rick (União-AC).
Durante a tramitação da proposta no Senado, o senador Alan Rick destacou que o reconhecimento é uma ferramenta estratégica para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do município.
Confira o manifesto completo:
Manifesto em Defesa de Xapuri
É com profunda indignação que recebemos a notícia da sanção da Lei nº 15.129, de 29 de abril de 2025, que confere ao município de Sena Madureira o título de “Capital Nacional da Castanha-do-Brasil”. Embora revestido de um discurso simbólico, esse título é, na prática, um jogo político que desrespeita os dados oficiais e ignora a realidade vivida por centenas de famílias extrativistas que produzem castanha de forma sustentável em Xapuri, o verdadeiro berço da castanha no Acre.
Segundo o IBGE, Xapuri lidera a produção estadual com 2.005 toneladas em 2023, sendo o terceiro maior produtor do Brasil. Enquanto isso, Sena Madureira aparece apenas na quarta posição. O que se vê aqui é mais uma manobra de interesses políticos que invisibiliza o trabalho árduo de homens e mulheres da floresta, que tiram o sustento da castanha com respeito à natureza, sem desmatamento, com herança de saberes passados por gerações.
Essa lei, sancionada sem critério técnico, não apenas distorce os fatos, mas também fere a dignidade de um povo que, há décadas, resiste e vive do que a floresta oferece de forma generosa. Xapuri precisa de representantes que defendam sua cultura, sua economia e, principalmente, sua gente. Precisamos de políticos que conheçam o cheiro da floresta, o som dos ouriços caindo e o valor de cada castanheira preservada.
Não se constrói justiça nem reconhecimento com base em canetadas políticas.
 Castanha é renda, é cultura, é floresta viva!
Xapuri é seu verdadeiro lar!
			        
			        
								