O Ministério Público do Acre (MPAC), por meio do Painel de Mortes Violentas (MVI), divulgou dados alarmantes sobre a violência no estado, revelando que, ao longo dos últimos dez anos, foram contabilizadas 3.210 mortes violentas. Aproximadamente 42,2% desses casos estão relacionados a disputas entre facções criminosas e ao tráfico de entorpecentes, o que reflete a forte presença do crime organizado na região. A maioria das vítimas tem entre 20 e 34 anos, sendo a grande maioria (90%) homens.

Os dois foram executados por membros da facção rival/Foto: ContilNet
Além da presença do crime organizado, a falta de políticas públicas adequadas e a escassez de oportunidades também são apontadas como fatores que contribuem para o aumento das mortes no estado. Segundo o procurador Rodrigo Curti, houve uma transformação na dinâmica dos homicídios ao longo da década. “O crescimento da violência não pode ser atribuído apenas à atuação de grupos criminosos, mas também a questões sociais e econômicas que agravam a situação”, comentou.
No início dos anos 2010, grande parte dos homicídios estava relacionada a disputas pessoais, como brigas por motivos banais, como ciúmes ou consumo de álcool. No entanto, com o passar do tempo, as mortes passaram a estar mais conectadas a crimes mais complexos, em grande parte impulsionados pelas mudanças na legislação penal.
O ano de 2017 registrou o pico de violência, com 531 mortes, enquanto em 2024, o número de homicídios caiu para 178, evidenciando uma redução considerável. Até o momento, em 2025, foram contabilizados 23 homicídios. No período entre 2016 e 2024, o estado somou 4.833 homicídios, feminicídios, latrocínios e mortes ocasionadas por intervenções policiais.
Os números também revelam disparidades regionais, com Rio Branco concentrando a maior parte dos casos, representando 57,2% do total, com 1.728 mortes. Cruzeiro do Sul segue com 7,81% (236 mortes), e Tarauacá ocupa o terceiro lugar, com 4,5% dos homicídios (136 mortes).
Rodrigo Curti destaca a impunidade como um dos principais fatores para o aumento da criminalidade no estado. “O combate ao crime só é eficaz quando existe a certeza da punição. A flexibilização das leis e as facilidades para a progressão de penas incentivam a reincidência”, afirmou em entrevista à Gazeta.net. Ele também alerta para o fato de que a violência está concentrada em áreas mais vulneráveis, onde a ausência do poder público permite que o crime organizado assuma um papel de autoridade, agravando a sensação de insegurança entre a população.
