Dois jogadores, um tabuleiro marcado por linhas, uma onça, 14 cachorros e muita estratégia. Essa é a dinâmica do tradicional Jogo da Onça, recriado por estudantes do campus Cruzeiro do Sul, do Instituto Federal do Acre (Ifac), em parceria com o Laboratório IF Maker Juruá. De origem indígena e com forte presença nos seringais da região, o jogo agora faz parte do cotidiano escolar como alternativa educativa e cultural aos intervalos entre as aulas.

A ação do campus Cruzeiro do Sul é parte de uma política institucional: Foto/Reprodução
Fabricado em madeira MDF com revestimento melamínico e desenhado por máquina cortadora a laser, o jogo tem sido replicado e será disponibilizado nos espaços do campus. A iniciativa surgiu com a proibição do uso de celulares no ambiente escolar. “Tivemos a ideia de produzir novas unidades e disponibilizá-las na instituição. Nosso objetivo é também ofertar oficinas de Xadrez, Dama e sobre o próprio Jogo da Onça para, futuramente, realizarmos um campeonato entre os nossos estudantes”, explicou o coordenador do IF Maker Juruá, professor Cristiano Ferreira.
A presença do Jogo da Onça entre diferentes etnias indígenas é destacada por dados do projeto Jogos Indígenas do Brasil, que apontam sua prática entre os povos Guarani, Camaiurá, Bororo, Pareci, Canela, Ticuna, Maioruna e Manchaneri. No Acre, além do contexto indígena, o jogo também é comum nas comunidades seringueiras.
A iniciativa de recriar o jogo partiu dos estudantes Eduardo Farias e Lilian Morais, ambos do curso de Licenciatura em Matemática e bolsistas do IF Maker Juruá. “Ao lembrarem desse jogo regional, surgiu a ideia de recriarmos no laboratório, já que não o tínhamos disponível para jogar. Fizemos um protótipo com foco em trazer um pouco da regionalidade para o nosso campus”, relatou o professor Cristiano.
Com regras semelhantes às da Dama, o Jogo da Onça é disputado por dois jogadores. Um controla os cachorros, que devem tentar encurralar a onça. O outro, como a onça, vence ao capturar cinco cachorros. A simplicidade das regras esconde uma complexa dinâmica de estratégia e raciocínio lógico.
Para o professor Cristiano Ferreira, o projeto vai além da confecção de um jogo. “Ao recriar o Jogo da Onça, os estudantes foram além da construção de um tabuleiro e peças. O material produzido garante aos futuros jogadores o desenvolvimento do raciocínio lógico e de habilidades de resolução de problemas. Não é só o ato de jogar, é um processo de exercitar possibilidades.”
Além de Eduardo e Lilian, o IF Maker Juruá conta com os estudantes Ana Clara Sampaio, Samuel Rufino, Ana Cristina Silva e Alik Rodrigues, todos atuando em projetos distintos, mas interligados ao espaço maker. “A equipe é bastante integrada e se ajuda constantemente. Dessa forma, todos os bolsistas participam das atividades do laboratório”, destacou o coordenador.
A ação do campus Cruzeiro do Sul é parte de uma política institucional. Atualmente, o Ifac possui Laboratórios Makers em todas as suas unidades, com o objetivo de fomentar a criatividade, inovação e valorização da cultura local entre os estudantes.
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