A prisão do ex-presidente Fernando Collor (sem partido) tem sido vista por ex-aliados como o último capítulo de sua vida pública, 33 anos após o processo de impeachment que o tirou da Presidência da República em 1992. Collor não tem apoio na cena política nacional, ficou sem espaço em Alagoas e acabou sendo expulso na semana passada do nanico PRD (Partido da Revolução Democrática), resultado da fusão entre PTB e Patriota.

O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello — Foto: EVARISTO SA / AFP
Integrantes da legenda afirmam que o ex-presidente era distante da cúpula partidária e não interferia em decisões. O líder da sigla na Câmara, Fred Costa (MG), afirmou que ninguém falava com ele e que Collor havia passado “despercebido” até então.
O ex-presidente foi desfiliado no mesmo dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou sua prisão.
Desde sexta-feira, quando foi levado ao presídio estadual Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió (AL), até a manhã de domingo, Collor havia recebido apenas visitas de seus advogados. Apesar de estar em uma cela especial, separado dos demais presos, o local é conhecido por condições precárias e inferiores às da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula esteve preso de 2018 a 2021.
Depois de ficar inelegível pelo impeachment, Collor voltou a disputar uma eleição em 2002, quando tentou o governo de Alagoas e perdeu. Em 2006, ele conseguiu se eleger como senador pelo estado e foi reeleito em 2014. Senadores contemporâneos a ele, porém, avaliam seus mandatos como pouco relevantes. Ele chegou a presidir a Comissão de Relações Exteriores, em 2017.
Nas eleições de 2022, Collor se aproximou de Jair Bolsonaro, com quem trocou elogios em diversas ocasiões, e se candidatou ao cargo de governador de Alagoas, mas amargou um terceiro lugar, com 14,71%.
Em seu estado, afastou-se dos principais grupos políticos. O distanciamento da família Calheiros começou pouco depois dele assumir a presidência da República. Em 1990, Collor deixou de apoiar o aliado e amigo Renan Calheiros (MDB, na época no PRN) para ficar ao lado de Geraldo Bulhões (PSC), deflagrando uma relação conflituosa entre as famílias na política. Anos depois, durante o mandato de ambos no Senado, a relação também permaneceu distante.
