Advogada do ex-fuzileiro naval que teria virado bandido e se escondia em Rio Branco, diz que ele construiu uma vida, com familiares e amigos no Acre
Dono de uma ficha criminal das mais extensas já registradas na historia de captura de foragidos em território acreano, o ex-fuzileiro naval procurado por roubo a bancos e carros fortes, além de outros crimes no Espírito Santo, Erasmo Sérgio Alves, conhecido como “Careca” e “Frankstein”, quer permanecer ao Acre.
“Frankstein”, condenado há mais de 60 anos no Espírito Santo, quer cumprir pena no Acre. Foto: Reprodução
Foi o que ele disse ao se manifestar, através de advogados de defesa, ao pedir para cumprir sua pena no sistema penitenciário local.
Erasmo Alves, de 52 anos, era procurado da Justiça desde 2017 e foi preso em Rio Branco em 9 de abril, no Conjunto Tangará, em Rio Branco onde vivia em boa casa e com um padrão de vida insuspeito. Ele se apresentava como empresário do ramo de compra e venda de veículo de luxo, sendo ele próprio dono de vários automóveis desta natureza.
A defesa também nega que ele estivesse foragido, mas sim cumprindo pena em regime aberto por crimes cometidos nos anos 1990.
Após a prisão, o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) informou que iniciou as tratativas com a administração prisional do Espirito Santo para que ele fosse transferido, mas ainda aguardava uma ordem judicial, que, até ontem, sábado (19), não havia sido emitida.
A advogada Monique Pereira Volff, que atua na defesa do preso, justificou o pedido para que ele cumpra pena no Acre informando que Erasmo Alves construiu uma vida em Rio Branco, e por isso não deseja ser transferido. A advogada disse que seu cliente tem laços familiares e de amizade em Rio Branco.
A prisão foi possível após a polícia do Espírito Santo fazer contato com a Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) avisando que Erasmo Alves estava escondido no Acre há anos. Ele morava em uma casa de luxo no Conjunto Tangará, se apresentava como empresário e se identificava como Gustavo Sérgio Alves.
Advogada do ex-fuzileiro naval que teria virado bandido e se escondia em Rio Branco, diz que ele construiu uma vida, com familiares e amigos no Acre. Foto: Reprodução
Na casa, a polícia apreendeu a documentação falsa utilizada pelo acusado, entre documentos de identificação, carteiras de vacina, cartões de banco, dentre outros.
“Tinha diversas contas bancárias, apreendemos diversos cartões de crédito e vamos dar continuidade às investigações para comprovar outros delitos, inclusive lavagem de capital”, confirmou o delegado Pedro Paulo Buzolin, que coordenou as operações que resultaram na captura do procurado.
O delegado titular da Denarc, Saulo Macedo revelou que Erasmo já foi condenado a mais de 60 anos de prisão, em penas somadas. Ele tinha dois mandados de prisão em aberto. Ainda segundo o delegado, o criminoso desenvolveu algumas atividades no ramo de automóveis na capital acreana. Segundo as investigações, após sair da Marinha, ele passou a treinar comparsas do tráfico.
A inteligência da Polícia aponta que Erasmo Alves era peça-chave no tráfico interestadual, inclusive transportando drogas para o Espírito Santo. “Além de se esconder aqui em Rio Branco, ele também continuou mantendo atividades criminosas, inclusive, com o tráfico de drogas”, concluiu.
A prisão do ex-fuzileiro naval contou com a apoio de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e equipes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE). Além de assalto a bancos, o acusado tem passagem pela polícia por homicídios, sequestros e tráfico de drogas. Conforme a polícia, ele chegou a ser condenado por roubar dinheiro de uma agência da Caixa Econômica Federal.
“O Ciopaer monitorou tudo do alto. A operação tira de circulação uma pessoa de alta periculosidade. Graças ao planejamento realizado, ele até tentou se evadir, mas foi logo contido pelos policiais”, exemplificou o coordenador da Divisão Especializada de Investigações Criminais Especiais (Deic), delegado Pedro Paulo Buzolin.