Polêmica: vereador propõe que Centro Pop seja levado para bairros “chiques” em vez da Baixada da Sobral

Entre as pautas debatidas na audiência pública da Câmara de Rio Branco, realizada na Baixada da Sobral na manhã desta sexta-feira (11), esteve a proposta de mudança do Centro Pop para a região.

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Centro Pop está localizado, atualmente, no centro de Rio Branco/ Foto: Reprodução

Durante sua fala, o vereador Mustafá, que mora na região, demonstrou discordância quanto à instalação do Centro no bairro Castelo Branco, possibilidade que vem sendo cogitada pelo Município em conjunto com demais órgãos de Rio Branco.

“No nosso bairro, somos nós que temos que dar opinião. Nós não aceitamos o Centro Pop na Baixada da Sobral. Existem clínicas de recuperação na Transacreana, no Mutum. Quem tiver opinião, que a dê na sua casa. Aqui, quem manda é quem mora na Baixada”, disse.

Vereador Márcio Mustafá/Foto: ContilNet

O parlamentar ainda fez questão de questionar por que o centro não é instalado em outros bairros mais nobres da capital.

“É um problema social. Aqui na Baixada já temos vários problemas. Então, sugiro que o Centro Pop vá para bairros como Morada do Sol, Procon. Por que não pode ir?”, indagou.

MPAC diz que mudança do Centro Pop cabe à Prefeitura

Em entrevista ao podcast Em Cena, do ContilNet,  o promotor de Justiça Thales Ferreira, titular da Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania, enfatizou a importância de um novo local que atenda melhor às necessidades da população em situação de rua e anunciou possíveis espaços que podem abrigar o serviço.

As notícias sobre um novo local têm gerado repercussão entre sociedade, prefeitura e parlamentares da capital acreana. O Ministério Público do Acre (MPAC) se manifestou sobre a mudança do Centro Pop em Rio Branco e destacou que a decisão cabe à Prefeitura Municipal.

Segundo o promotor, a mudança do Centro Pop é apenas uma das várias ações planejadas para melhorar a assistência a essas pessoas. Ele reforçou que a preocupação não deve ser apenas com a localização, mas com as condições de atendimento e inserção social.

“Nós vamos cobrar saúde, educação, esporte, lazer, inserção no mercado de trabalho, se for possível, e tiver condições, recuperação, redução de danos, pra quem faz uso de bebida e álcool aproximadamente. É isso que a gente tem que ter. Olhar pra essa pessoa de um modo integral, porque a gente não quer só tirar o Centro Pop dali, e falar assim, tirando o Centro Pop, e o Centro, não tem mais ninguém aqui de pessoas expostas na rua. A mudança do Centro Pop, Essa decisão, ela cabe à administração, ela cabe ao prefeito principal, pra onde o Centro Pop vai”, ressaltou.

O promotor destacou que o atual espaço do Centro Pop é insuficiente para atender de forma eficaz a quem precisa. “Eles chegam às sete, têm um café da manhã, às onze vem o almoço, e a equipe que está lá, que já é muito pequena, não consegue desenvolver outras tarefas”, explicou.

Ele ressaltou a necessidade de um plano de ação por parte da Prefeitura de Rio Branco, que tem o prazo de 90 dias para elaborar o documento.

“Como tem uma ação judicial hoje, ele precisa elaborar um plano de ação, a justiça tem um tempo, 90 dias, para que ele elabore o plano de ação, um tempo. A mudança desse local, um fluxo pra conter a violência contra essas pessoas são sempre alinhadas aos equipamentos de saúde, a construção de casas de passagem, a construção de unidades de academia, a construção de serviços de residência terapêutica. Então, é uma vasta grama de ações, são um pouco de mais ou menos 22 ações, elas são marcas de residência”, enfatizou o promotor.

Sobre as opções para realocação do serviço, o promotor mencionou que já há algumas sugestões em pauta.

“Existem alguns locais que a prefeitura já definiu  como locais sendo apropriados pelo espaço, que é o Castelo Branco, na Sobral, ou outro local. E assim, a qualquer lugar que o Centro Pop for, vai ter manifestação, vai ter indignação das pessoas, enquanto elas olharem para essas pessoas como pessoas marginalizadas, como pessoas criminosas, como pessoas que só fazem uso de drogas, como pessoas que não querem trabalhar. E não é isso que o Ministério Público quer. O MPAC que proporcionar dignidade a essas pessoas”, afirmou.

Outro ponto abordado foi a possibilidade de utilização do restaurante popular para fornecer alimentação às pessoas em situação de rua.

“Hoje, temos em torno de 120 pessoas que comem no Centro Pop, e essa é uma das alternativas em discussão”, explicou Ferreira. Ele ressaltou que a medida precisa ser implementada com segurança e dignidade, garantindo que as pessoas tenham acesso a refeições adequadas em um ambiente apropriado.

O MPAC também defendeu uma abordagem integral para lidar com a questão da população em situação de rua, indo além da simples realocação do serviço.  Ferreira colocou o MPAC à disposição para estabelecer diálogo com a Prefeitura e a sociedade civil para encontrar soluções viáveis para a questão.

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