Briga entre Marina Silva e Heloísa Helena leva Justiça a suspender congresso em Brasília; entenda

Ex-aliadas, as ex-senadoras dissidentes do petismo brigam agora pelo controle da direção da sigla que ambas fundaram

O que foi previsto no início da semana, inclusive pelo portal ContilNet, nesta sexta-feira (11), em Brasília, se confirmou: as ex-senadoras Marina Silva e Heloísa Helena, antigas parceiras e aliadas nas divergências contra o PT e na fundação de partidos de esquerda dissidentes do petismo, agora estão brigando. A briga é pelo controle da direção nacional do Rede Sustentabilidade, partido fundado pelas duas, e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) acaba de suspender o congresso do Rede Sustentabilidade que se iniciaria no sábado (12) e se estenderia até o dia 14.

O congresso seria para decidir a nova direção nacional do partido. A ação que levou à suspensão do congresso foi movida pelo coordenador nacional de organização da Rede, Giovanni Mockus, que concorreria à presidência junto com Iaraci Dias, porta-voz do partido na Bahia.

Marina Silva e Heloísa Helena/Foto: Reproduçaõ

Os dois pertencem à mesma ala da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com o apoio dela na eleição pelo comando da sigla. O partido está rachado desde 2022, com o grupo de Marina de um lado, e da ex-senadora Heloísa Helena do outro. Heloísa, que atualmente é a presidente, apoia a chapa do secretário da prefeitura de Belo Horizonte, Paulo Lamac, e afirmou que “trabalha para reverter a decisão”.

A ação foi movida por suspeita de fraude no processo de escolha dos delegados da comissão eleitoral, em que questões previstas no estatuto do partido, como proporcionalidade das alas, não teriam sido respeitadas. Nas conferências municipais e estaduais, Heloísa conseguiu maioria dos delegados favoráveis a seu grupo.

O TJDFT deu o prazo até quarta-feira (9) para o partido fornecer a lista com os delegados que teriam direito a voto e outros documentos comprobatórios sobre a eleição em diversos Estados. Houve o envio, mas o desembargador Fábio Eduardo Marques entendeu que os documentos não eram suficientes para esclarecer os fatos, e suspendeu a realização do congresso por indefinição do colégio eleitoral e risco de gasto irreversível de recurso público. O processo corre em segredo de justiça e a última decisão judicial sobre o assunto tem caráter liminar.

Em nota, Mockus afirmou que houve uma “mudança radical e atropelada das regras eleitorais internas, além de uma condução agressiva do processo”, e que tem atuado para “garantir transparência e democracia” nas eleições internas. “A decisão de suspensão do Congresso até a definição do colégio eleitoral é importante para averiguarmos as dezenas de denúncias e garantirmos a verdade eleitoral do partido”, escreveu.

Heloísa Helena afirmou à imprensa que está trabalhando para reverter a decisão judicial e diz que o grupo “está confiante de que os dados a serem apresentados comprovarão, inclusive, a vergonhosa litigância de má-fé”. “Todo o congresso já foi pago, passagens, hospedagens, local, tudo organizado. Todos os delegados, das duas chapas, já estão chegando com passagens e hospedagens pagas pelo fundo partidário. E porque contaram os delegados e descobriram que vão perder, agora vão anular tudo?”, questionou a presidente da Rede.

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