Produtores do Acre terão acesso a crédito milionário para expandir criação de suínos e aves

Um convênio firmado entre a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e o Banco da Amazônia, no valor de R$ 82 milhões, na tarde da última quarta-feira (9), permitirá o aumento de abate de aves e suínos nas indústrias de proteínas do Vale do Acre, a Dom Porquito e Acre Aves, instaladas em Brasiléia. A Dom Porquito, por exemplo, abate entre 560 e 650 suínos por dia e, com a expansão, a meta é atingir até 2 mil suínos diários, todos criados no Acre por produtores familiares que serão financiados a partir do convênio firmado entre a Apex e o Basa.

“Esse projeto garante a sustentabilidade do setor suinícola e transforma a configuração social da zona rural”, elogiou o empresário Paulo Santoyo, diretor da Dom Porquito e Acre Aves.

Convênio foi assinado nesta quarta-feira/Foto: Reprodução

O convênio foi firmado exatamente buscando impulsionar exportações e agricultura familiar e é apontado como um passo estratégico, com foco nas cadeias produtivas de suínos e aves. Serão financiados pelo menos 250 galpões para criação de suínos e 40 para aves. Cada produtor poderá receber mais de R$ 400 mil em investimentos para a construção das estruturas. A primeira etapa prevê recursos para a instalação de 50 galpões de suínos e 20 de aves.

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, disse, durante a cerimônia, que a relevância econômica e social do projeto visa consolidar um modelo integrado entre a indústria e os pequenos produtores. A iniciativa resgata políticas públicas iniciadas durante os governos da Frente Popular do Acre, com foco no potencial logístico do estado — o mais próximo do Oceano Pacífico, ressaltou Viana. “Um caminhão leva apenas quatro dias de Brasiléia até Chancay, no Peru, onde já embarca para a China”, exemplificou.

A Dom Porquito e a Acre Aves, duas agroindústrias locais consolidadas, são fundamentais no projeto e serão responsáveis pelo fornecimento de matrizes, assistência técnica sob garantia de contratos de longo prazo com os produtores integrados. O Banco da Amazônia, por sua vez, oferecerá o financiamento com condições especiais, com juros de 4,5% ao ano, dois anos de carência e até seis anos para quitação, por meio de recursos do Plano Safra via Pronaf, disse o presidente Luiz Cláudio Moreira Lessa. Segundo ele, o modelo adotado proporciona segurança tanto para a indústria quanto para os produtores e para o próprio banco. “Estamos financiando produtores com contratos firmados, o que garante previsibilidade de receita e de fornecimento para as agroindústrias”, explicou.

Convênio entre as duas instituições colocam à disposição R$ 82 milhões para a construção de galpões/Foto: Reprodução

Além da suinocultura e avicultura, a ampliação da produção impactará diretamente outros setores, como os de soja, milho e farelo, essenciais para a alimentação animal. “O sistema não é fechado em si. Gera efeitos em cadeia, promovendo desenvolvimento em toda a região”, pontuou Lessa.

Para os dirigentes das empresas envolvidas, o impacto vai além da economia. “É um dos maiores projetos sociais em andamento no Acre”, afirmou Paulo Santoyo, diretor da Dom Porquito e da Acre Aves. “Esse recurso não vai para as indústrias, vai direto para os pequenos produtores, que vão construir suas granjas e mudar de vida”, acrescentou.

A ApexBrasil também tem sido fundamental na abertura de novos mercados internacionais. A Dom Porquito já exporta para países como Malásia, Filipinas, Coreia do Sul e, em breve, México e Japão. “Hoje somos o único frigorífico brasileiro que consegue entregar carne suína no México em 10 dias”, destacou o diretor.

Produtores rurais também celebraram o convênio. Ivania dos Santos Andrade, pioneira na integração com a Dom Porquito, relatou que há anos buscava acesso ao crédito sem sucesso por falta de garantias. “Agora acredito que finalmente conseguiremos o financiamento. Comecei com 125 animais, hoje tenho 1.200 e quero chegar a 3 mil”, disse.

Vagnei Macedo da Silva, da Cooperativa de Produtores Familiares do Alto Acre, reforçou que a parceria vai dobrar a capacidade de produção, especialmente na avicultura. “Vamos passar de 15 mil para 30 mil aves no campo, o que só é possível com o apoio da Apex e do Basa. O pequeno produtor sozinho não consegue bancar uma granja”, disse Vagnei ao exaltar o trabalho coletivo entre ApexBrasil, Banco da Amazônia, indústrias e cooperativas. “Era um sonho, agora é realidade. Estamos vendo a esperança se renovar. A riqueza está onde há trabalho conjunto. E o Acre está mostrando que é possível crescer com base na agricultura familiar”, ressaltou.

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