Além disso, há denúncias também de desvios de mercadorias as quais são doadas à cozinha solidária “Marielle Franco”
A Procuradoria Geral da República (PGT) no Estado do Acre, que representa o MPF (Ministério Púbico Federal), começou, nesta semana, a se movimentar a respeito das irregularidades denunciadas por reportagens do ContilNet em relação à Ocupação “Marielle Franco”, como é denominada uma invasão de terras públicas do Governo do Estado e já entregues a dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
As irregularidades, denunciadas por moradores originais do lugar, envolvem a coordenação local do MTST na pessoa do dirigente Jamyr Rosas, que é também dirigente do Partido do Socialismo e da Liberdade (PSOL) no Acre, o qual estaria incluindo, de forma irregular, os nomes de parentes e agregados como ocupantes da invasão quando eles nunca teriam colocado os pés no local.
Há denúncias também de desvios de mercadorias as quais são doadas à cozinha solidária “Marielle Franco”/ Foto: Evandro Derze/ Secom
Além disso, há denúncias também de desvios de mercadorias as quais são doadas à cozinha solidária “Marielle Franco” e cujos produtos acabariam indo parar nas cozinhas particulares dos dirigentes do MTST e do próprio PSOL, o que foi admitido em áudios de Jamyr Rosas em grupos de rede social do qual participam os integrantes da invasão descontentes com os rumos da organização da ocupação.
Por isso, as primeiras investigações do MPF sobre o caso buscam informações junto ao MDS Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e à Caixa, o banco do Governo Federal responsável pelo financiamento de construção de imóveis residenciais do “Programa Minha Casa Minha Vida Entidades”.
Novas denúncias de moradores originais da invasão dão conta de que, a partir das divulgações em torno da invasão, que foram objetos inclusive de pronunciamento do senador Márcio Bittar (UB-AC) na tribuna do Senado da República, dão conta de que Jamyr Rosas, agora, na hora da entrega de marmitas na cozinha solidária, faz as entregas pessoalmente e, durante os contatos com os moradores, insiste para que eles desmintam o que vem sendo denunciado.
As denúncias contra Jamyr chegaram ao MPAC e ao MPF/Foto: Reprodução
Em áudios os mesmos grupos em que adotou uma postura beligerante no início das denúncias, Rosas adotou um tom mais moderado sempre negando as irregularidades mas sem explicar o nome de sua sogra, cunhadas e outros parentes e agregados na lista dos que devem ganhar os imóveis do programa do Governo Federal.
O que voltou a dizer Jamyr Rosas: “ninguém nos procurou em busca da verdade”.
Num áudio enviado ao grupo na noite de terça-feira (8), Rosas diz o seguinte: “Boa noite, pessoal; Pessoal, postei aqui novamente, né, essa onda de ataque que eu tô sofrendo, que o MTST tá sofrendo, né, e a minha pergunta é: a quem interessa isso? Porque 100% do que tá aí é mentira, né, e não é de agora que essas denúncias vêm aí dentro da ocupação pelo mesmo grupo. Então, eu quero saber, assim, o que interessa isso?”.
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Para o dirigente do MTST e do PSOL, está “claro e nítido que pelo teor, pelo conteúdo dessas denúncias, é que não querem que seja construído o conjunto habitacional. Mas essas pessoas, elas deveriam, por exemplo, eu vou abrir o grupo agora, e essas pessoas deveriam colocar pra vocês. São 330 beneficiários que tem aí… Dessas 330 que a gente tem que dar satisfação. Desde que nós começamos o nosso trabalho aí, eu nunca vi o MTST, ou eu, ou qualquer uma pessoa que está comigo prejudicar a vida de ninguém. Pelo contrário, nós lutamos para que ninguém saísse, ninguém fosse expulso da sua casa, nós lutamos para botar comida todo dia na mesa de vocês, e o que a gente está recebendo em troca é isso. O que a gente está recebendo em troca é ataques, é ofensa, pelo pequeno grupo, mas que tem um teor político e um teor interesse, não pela verdade, porque em momento nenhum, em um momento nenhum, ninguém procurou a gente para saber a verdade, ninguém procurou a gente, acusa a gente de roubo, de comida, acusar a gente de estar beneficiando parentes, sendo que todo mundo”.
Ouça o áudio:
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De acordo com Jamyr Rosas, “Todo mundo sabe o trabalho que a Joyce tem aí dentro, que a Stephanie tem aí dentro, que todo mundo tem aí dentro do movimento. São 226 casas que vão ser construídas, certo? Só moram dentro da ocupação 70 famílias. As 150 casas que tem a mais, elas vão ser escolhidas nesse cadastro de 330 cadastros que estão na caixa econômica. Então acusam a gente de coisa tão leviana, tão baixa, tão sem mal caráter, sabe? Então é isso que deixa a gente indignado, sabe pessoal? A gente tenta se manter calmo, a gente tenta se manter, sabe, esses dias, esses últimos 15 dias, a gente estava trabalhando de manhã, de tarde e noite para entregar documentação na prefeitura, para entregar documentação na caixa econômica. A pessoa que fez, que publicou essas denúncias, sequer sabe o que é o programa Minha Casa, Minha Vida, Entidade. Quem quer sabe o que é o MTST, e aí você vê aonde chegou isso, né, qual o interesse por trás disso, isso está prejudicando todo mundo, está prejudicando o nosso estado, está prejudicando o governador que tanto se empenhou para que essa ocupação virasse um conjunto habitacional, certo, todos os secretários que estão envolvidos, a própria prefeitura que está empenhada e dá o alvará o mais rápido possível, então qual o interesse? Eu vou abrir o grupo agora e cada um fala aquilo que se senti à vontade, tá pessoal?”.