Na véspera do julgamento que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disparou uma mensagem para seus aliados, caracterizando o processo como a “maior perseguição político-judicial da história do Brasil”. Enviada por WhatsApp, a comunicação de Bolsonaro foi uma defesa veemente das suas ações durante o mandato, alegando que a ação contra ele seria motivada por interesses políticos e vaidades pessoais.
Jair Bolsonaro será julgado pelo STF por tentativa de golpe de Estado — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
No texto, Bolsonaro nega enfaticamente qualquer envolvimento em atos criminosos e sustenta que jamais cogitou uma ruptura democrática. “Nunca desejei ou sugeri qualquer tipo de ruptura. As mudanças nos comandos das Forças Armadas ocorreram dentro da Constituição e sem nenhum problema”, afirmou. Ele destacou que sempre agiu conforme os preceitos legais durante seu governo.
O ex-presidente também fez duras críticas ao processo judicial, chamando-o de “aberração” e acusando as investigações de serem excessivamente demoradas, com algumas se estendendo por anos sem previsão de término. Bolsonaro ainda apontou a prática de prisões arbitrárias e a coação de pessoas a firmarem delações premiadas para “salvar suas famílias”. O ex-presidente também criticou a falta de transparência nas investigações, que, segundo ele, ocorrem em segredo de Justiça
Por outro lado, a Procuradoria-Geral da República rebateu as alegações de Bolsonaro. De acordo com a denúncia apresentada ao STF, o ex-presidente teria atuado diretamente na organização de um golpe de Estado, liderando um grupo criminoso responsável pela disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro. A estratégia, segundo os investigadores, visava criar a falsa percepção de fraude nas urnas e garantir que Bolsonaro permanecesse no poder, impedindo a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O julgamento, iniciado nesta terça-feira (25), avaliará se as evidências são suficientes para tornar Bolsonaro e outros sete aliados réus. Os acusados enfrentam uma série de crimes, incluindo golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público. A Primeira Turma do STF será responsável por decidir o futuro do ex-presidente e seus aliados.
