A secretária da Mulher (Semulher), Márdhia El Shawwa, foi a entrevistada do podcast do ContilNet, o Em Cena, nesta segunda-feira (24).
Durante o bate-papo ao vivo, a delegada aposentada falou sobre o Caso Joyce, que repercutiu nas redes sociais em dezembro do ano passado.
O caso de Joycilene Sousa de Araújo, conhecida como Joyce, de 41 anos, trouxe à tona discussões sobre violência psicológica e feminicídio no Acre. Joyce manteve um relacionamento à distância por cerca de 10 meses com Thiago Augusto Borges, de 42 anos, período em que sofreu abusos psicológicos e manipulações financeiras, resultando em empréstimos e transferências que somaram mais de R$ 200 mil. Além disso, Thiago foi acusado de importunação sexual contra a filha de Joyce. Em novembro de 2024, após ingerir uma grande quantidade de medicamentos, Joyce faleceu, e sua família busca justiça, classificando o ocorrido como “feminicídio psicológico”.
“A Semulher tomou conhecimento desse caso através das redes sociais. Em nenhum momento fomos procurados pela família ou por qualquer integrante da rede. Vimos quando a família fez uma live e foi nesse momento que tomamos conhecimento do caso. Na mesma hora, procuramos a família e nos colocamos à disposição. Fizemos contato com o Ministério das Mulheres. A ministra Cida Gonçalves se colocou à disposição para acompanhar o caso”, disse Márdhia.
Márdhia afirmou que a família de Joyce conversou com a ministra da Mulher quando ela esteve no Acre, no início deste ano. O caso está sendo acompanhado pelo ministério.
“Quando a ministra veio a Rio Branco para inaugurar o Centro de Atendimento à Mulher, ela conheceu a família de Joyce, representada por Jaqueline. Então, o ministério está acompanhando o caso. Também já tivemos reuniões em Brasília para tratar do assunto. O MPAC estava presente. Então, estamos dando esse suporte, realizando acompanhamento psicológico para os familiares da vítima. Também estamos acompanhando a questão do estelionato psicológico. O Ministério das Mulheres está atuando nesse sentido”, continuou.
A secretária também afirmou que está sendo realizado um estudo jurídico do caso para subsidiar o Congresso na busca por tipificar o estelionato sentimental como crime de alto potencial ofensivo, tornando-o um delito separado e aumentando sua pena. A proposta define esse tipo de estelionato como a simulação de um relacionamento amoroso para obter vantagem econômica ou material da vítima.
Uma das proponentes do projeto é a deputada federal eleita pelo Acre, Socorro Neri (Progressistas).
“Ficou decidido que será feito todo um estudo jurídico do caso para darmos suporte ao Congresso. Estamos acompanhando tudo. É um caso novo, que depende de uma apuração detalhada. A família deseja que seja classificado como feminicídio sentimental, amoroso, mas isso depende da investigação em andamento na Polícia Civil. Precisamos aguardar a manifestação do MPAC e, posteriormente, do Judiciário, para ver como será feita a denúncia, sua aceitação e a pronúncia. Mas a Semulher está acompanhando tudo e oferecendo suporte à família”, enfatizou.
“Entendemos que algo precisa ser feito em relação ao estelionato sentimental. Neste caso, tivemos a morte de Joyce, que pode ser enquadrada como feminicídio. Mas quantas mulheres não estão morrendo e seus casos são registrados como suicídios, quando, na verdade, a causa foi um relacionamento abusivo semelhante a esse? Neste caso, a vítima teve um prejuízo de aproximadamente R$ 200 mil. Teve um prejuízo financeiro, mas há outras mulheres que não sofreram apenas perdas econômicas, mas também perderam a própria vida devido às atitudes de homens. Essa é uma discussão que não se limita ao Acre. É um problema amplo, que o Ministério das Mulheres tem consciência de que precisa ser abordado. Está acontecendo em todo o Brasil”, destacou.
Márdhia reforçou que os homens precisam ser inseridos nas discussões sobre esse caso e tantos outros parecidos.
“Precisamos entender qual é a responsabilidade dos homens nessas situações. A sociedade precisa debater, o Congresso precisa discutir, a Semulher também, e todos nós devemos nos envolver”, finalizou.


