A chegada da vacina de dose única contra a dengue representa uma nova esperança no enfrentamento da doença, segundo o infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. Desenvolvida pela instituição, a imunização promete ser um avanço significativo na contenção da dengue, que segue como um dos principais desafios de saúde pública no Brasil.
No entanto, Kallás alerta que a eficácia da estratégia pode ser comprometida por interferências políticas, que dificultam a implementação de medidas eficientes.

“Ela (vacina) pode trazer uma ferramenta a mais que, adicionada a todas as outras, pode chegar a um sucesso de controle melhor”
Para o especialista, a grande vantagem da vacina do Butantan está na facilidade de adesão, já que não exige múltiplas doses para garantir proteção. Além disso, estudos clínicos de fase três apontam uma boa eficácia, tornando o imunizante uma ferramenta fundamental para ampliar o combate à doença. “Ela pode trazer uma ferramenta a mais que, adicionada a todas as outras, pode chegar a um sucesso de controle melhor”, destacou Kallás ao UOL.
Os dados mais recentes indicam uma redução nos casos de dengue em 2025, comparado ao ano anterior, quando as mortes pela doença superaram as causadas pela covid-19. No entanto, a distribuição dos casos pelo país ainda é desigual. Enquanto algumas regiões, como São José do Rio Preto (SP), apresentam altas taxas de contaminação, outras, como a capital paulista, registram números bem menores. Essa variação, segundo Kallás, reforça a necessidade de estratégias regionais bem planejadas.
Outro fator de preocupação é o ressurgimento do sorotipo 3 da dengue, após 17 anos. Apesar do alerta, a análise do Instituto Adolfo Lutz sugere que, até o momento, esse sorotipo não está diretamente ligado ao aumento de mortes. “A entrada do novo sorotipo pode ter impacto no número de casos, mas não está tendo impacto de aumento de morbidade e mortalidade”, explicou o infectologista.
Diante desse cenário, Kallás reforça a importância de planejamento e ações coordenadas para garantir que a nova vacina seja aplicada de forma eficaz. Para ele, superar desafios políticos e administrativos será essencial para transformar a imunização em um divisor de águas no combate à dengue no Brasil.