Há 20 anos, em 13 de fevereiro de 2005, o Brasil, particularmente os estados do Pará e do Acre, acordaram assustados e boa parte de suas populações entraram pelo dia de olho na TV e com os ouvidos voltados para o noticiário do rádio. Todos queriam saber de acontecimentos da tarde do dia anterior. Afinal, quem vivia nos dois estados amazônicos começava a ver reprisar o mesmo filme em que os que lutam pela terra acabam morrendo no final, pelas mãos de pistoleiros.
Naquele dia, em Anapu, município do sudoeste do Pará, a 680 quilômetros de Belém, assim como havia ocorrido em 1988, em Xapuri, no interior do Acre, com o sindicalista Chico Mendes, tombava morta, também a tiros, a religiosa norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang. Ela foi assassinada a mando de grileiros em 12 de fevereiro de 2005, dentro do PDS Esperança, em Anapu (PA). A religiosa foi assassinada numa emboscada ao se tornar alvo por defender pequenos agricultores contra grileiros em Anapu, local para o qual dedicou mais de duas décadas da vida em defesa dos trabalhadores rurais. Sua vida e sua morte foram em tudo semelhantes ao que aconteceu com Chico Mendes, no Acre.
Histórias tão semelhantes que um dos principais implicados no crime da religiosa, Amair Feijoli, o Tato, veio até morar no Acre, na região de Sena Madureira, onde é investigado, desde 2022, pela acusação de se apossar de terras públicas.
Na época, a Polícia Civil chegou a cumprir mandados judiciais na Fazenda Canaã, dentro da floresta estadual do Antimary (FEA), ocupada atualmente pela família de Feijoli.
Segundo a Justiça do Pará, foi Tato quem contratou os pistoleiros Rayfran e Clodoaldo Carlos Batista para assassinar a missionária a mando de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão.
A atuação da família de Tato na região, segundo os moradores, é criminosa, envolvendo ameaças e até tentativa de homicídio. Patrick Coutinho da Cunha, filho de Amair, é suspeito de atirar duas vezes em um agricultor por causa de uma briga por terras em Sena Madureira, interior do Acre.
O agricultor acusa Amair Feijoli de se apropriar de uma área de terras que ele comprou há dois anos no Ramal Cassirian, zona rural do município de Sena Madureira. Após a compra, o agricultor afirma que Amair começou a invadir uma área de 5 mil hectares que fica próximo da terra dele e acabou tomando sua propriedade também.
O homem havia dado uma paulada na cabeça de Amair, pai de Patrick, após cobrar uma dívida por uma terra que Amair teria tomado. Ele acabou baleado no tórax e na barriga. Ele passou por cirurgia em um hospital de Rio Branco e já se recupera em casa, na zona rural de Sena Madureira.


