Embora a totalidade da bancada acreana na Câmara dos Deputados, composta por oito parlamentares, tenha votado em peso em Hugo Motta (Republicanos-PB) como novo presidente, eleito com 444 votos, o Acre não estará representado na composição da mesa diretora que vai dirigir a Casa no biênio 2025 a 2027.
Um quadro bem diferente do biênio de 2013 a 2015, quando a presidência era do MDB, através do ex-deputado Henrique Eduardo Alves, e que tinha o então deputado acreano Márcio Bittar, na época filiado ao PSDB, num dos cargos mais importantes da Casa, a 1ª secretaria.
O cargo de 1º secretário da Câmara, que tem a prerrogativa de autorizar pagamentos e funcionar como uma espécie de tesouraria de um orçamento de R$ 63,5 bilhões para 2025. Este total de recursos é para emendas parlamentares, remanejamentos de despesas e transferências para estados e municípios.
Os valores correspondem à remuneração bruta dos parlamentares, sem o desconto de Imposto de Renda Retido na Fonte e Previdência. Em termos de comparação sobre os valores que um dia foram administrados por Márcio Bittar, basta lembrar que o orçamento do Acre para 2025 é de R$ 11,1 bilhões, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Alac) e sancionada pelo governador Gladson Cameli.
A primeira secretaria da Câmara, na atual legislatura, caberá ao deputado Carlos Veras (PT-PE).
Veja como ficou a composição com seus 11 cargos:
- Presidente: Hugo Motta (Republicanos -PB);
- 1º vice-presidente: Altineu Côrtes (PL-RJ);
- 2º vice-presidente: Eulmar Nascimento (UB-BA);
- 1º Secretário: Carlos Veras (PT-PE);
- 2º secretário: Lula da Fonte (PP-PE);
- 3º secretário: Delegada Katarina (PSD-SE);
- 4º secretário: Sérgio Souza (MDB-PR);
- Suplentes: Carlos Rodrigues (PL-SP); Paulo Foletto (PSD-ES); Victor Linhares (Podemos -ES); Paulo Barbosa (PSDB-SP).
Portanto, nenhum deputado do Acre, muito menos da Amazônia, região composta de nove estados e que concentra pelo menos 90 deputados – quase um terço dos 513 deputados federais.
Em entrevista à Contilnet neste domingo (2), o atual senador Márcio Bittar revelou como se deu a façanha de, em pleno governo reeleito de Dilma Rousseff, do PT, de 2014 a 2016, quando foi afastada do cargo já sob a presidência de Eduardo Cunha (MDB-RJ) na presidência da Câmara, ter conseguido chegar ao cargo de 1º secretário.
“Na época, eu era deputado, em segundo mandato, pela bancada do PSDB. Quando me pediram apoio para a liderança do PSDB na Câmara, eu disse que tinha o sonho de ser primeiro secretário da Câmara. Foi uma articulação que, na época, envolveu o deputado Aécio Neves”, revelou Márcio Bittar. “Enfim, para chegar ali é preciso muita conversa, muita articulação, muitos estudos. Não se chega à mesa, nem na Câmara nem no Senado, de uma hora para outra”, disse o senador.
Sobre o Acre ter ficado de fora da composição das mesas das duas casas, Bittar lembrou que ele próprio não participou das articulações nem mesmo para presidir comissões – apesar de sua experiência como relator do Orçamento Geral da União, de 2021 a 2022, face ao estado de saúde de seu irmão Mauro Miguel Bittar, economista, ex-secretário de Estado no Acre (governo Flaviano Melo) e figura importante na política local, que convalesce de câncer em Belo Horizonte (MG), onde vive.
“Quando vi a fragilidade da saúde de meu irmão, tirei o pé do acelerador na política a fim de que eu pudesse me dividir um pouco entre o Acre, o trabalho normal em Brasília e a permanência junto ao meu irmão, em Belo Horizonte”, contou.
Márcio Bittar lembrou, no entanto, que a Amazônia está bem representada na mesa do Senado.
“Primeiro, com o presidente Davi Alcolumbre, que é do Amapá. Em segundo lugar, com o senador Confúcio”, acrescentou Bittar.
Confúcio Moura, do MDB de Rondônia, foi eleito segundo secretário da mesa do Senado.