Juruá Informativo

Grupo trans aciona MPF contra Meta por permitir associar LGBTs a doença

(Imagem: miss.cabul/Shutterstock)

Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) protocolou, nesta quarta-feira (8), uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta, empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp.

O motivo da ação foi a mudança na política da empresa que, desde terça-feira (7), passou a permitir que os usuários associem a transexualidade ou a homossexualidade a doenças mentais em publicações. A alteração é considerada pela Antra como um retrocesso e uma ameaça aos direitos da comunidade LGBTQIA+.

Em nota divulgada nas redes sociais, a Antra afirmou que a situação é inadmissível, especialmente em um país onde há legislação que protege as pessoas trans e homossexuais. A mudança na política da Meta foi anunciada logo após o fim das restrições sobre postagens relacionadas à imigração e questões de gênero. A partir de agora, a empresa permite alegações de que pessoas trans ou gays são doentes mentais, em contextos que envolvam discursos políticos ou religiosos.

Novas regras de moderação de conteúdo da Meta

Mark Zuckerberg acenando
Mark Zuckerberg prometeu se aliar a Donald Trump contra países que se movam contra a Meta (Imagem: Frederic Legrand – COMEO / Shutterstock.com)

Reações de organizações e instituições

Diversas organizações que defendem os direitos da comunidade LGBTQIA+ e a liberdade digital reagiram veementemente à nova política da Meta. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, já não considera a homossexualidade como doença desde 1990. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) também reafirma que a sexualidade faz parte da identidade de cada pessoa e não pode ser tratada como um transtorno.

Além disso, cerca de 60 organizações, incluindo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec)Intervozes, e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), divulgaram uma nota conjunta criticando a mudança, afirmando que a nova política da Meta impulsiona a violência de gênero e promove discursos de ódio e desinformação. Para essas entidades, as novas medidas negligenciam os impactos negativos da violência online e afrontam os direitos humanos.

Diversas organizações que defendem os direitos da comunidade LGBT se manifestaram de maneira contrária às mudanças efetuadas pela Meta (Imagem: Kira_Yan / Shutterstock.com)

Impacto das mudanças nas plataformas da Meta

A mudança nas regras de moderação de conteúdo da Meta também faz parte de uma série de ajustes nas políticas da empresa, como o fim das restrições sobre imigração, gênero e identidade de gêneroJoel Kaplan, diretor de assuntos globais da Meta, justificou as novas políticas dizendo que a empresa está “se livrando de uma série de restrições”.

Em nota à imprensa, ele afirmou que, enqanto certos discursos não podem ser feitos na TV ou no Congresso, as plataformas da Meta devem permitir maior liberdade de expressão. A implementação dessas mudanças pode levar algumas semanas. O Olhar Digital entrou em contato com a Meta, mas a empresa não se pronunciou sobre a ação movida pela Antra.

Essas modificações, que impactam diretamente a forma como conteúdos sobre sexualidade e identidade de gênero serão moderados nas redes sociais, geram uma grande preocupação entre defensores dos direitos da comunidade LGBTQIA+, que temem que essas alterações possam abrir espaço para mais discriminação e violência online.

 

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