Mulher denuncia empresa por injúria racial após receber e-mail de atualização cadastral: ‘Olá, macaca’

Em nota, a Magazine Luiza lamentou o episódio e afirmou que vai adotar medidas para promover diversidade e conscientizar funcionários; Polícia Civil paulista investiga o caso

A cozinheira Susan de Sousa Sena, de 35 anos, denunciou um caso de injúria racial ao receber um e-mail da loja Magazine Luiza com a saudação “Olá, macaca”. Como noticiou o portal G1, o caso ocorreu no último sábado, após Susan atualizar seu cadastro no aplicativo da empresa para concluir a compra de uma máquina de lavar.

Susan, moradora de São Paulo, relatou à TV Globo que estava realizando a compra no aplicativo quando descobriu que precisava atualizar alguns dados, incluindo o e-mail e a senha. No entanto, ao verificar os e-mails no domingo, percebeu algo errado.

Mulher é vítima de injúria racial ao receber e-mail da Magazine Luiza — Foto: Reprodução

— Fiz o procedimento das etapas do aplicativo para recuperar a conta. Logo, eles me pediram foto do documento, depois um reconhecimento facial. Fui recebendo os e-mails, mas não entrei porque sabia que era só confirmação. Finalizei minha compra, tive o prazo de entrega e fechei o app. No dia seguinte, fui olhar se tinha alguma mudança no status de entrega e olhei meus e-mails, e um me chamou atenção — contou.

Ainda como informou o G1, todos os e-mails automáticos enviados pelo Magazine Luiza utilizavam o primeiro nome da cliente na saudação. Entretanto, o mesmo não aconteceu no e-mail de confirmação do cadastro.

O caso foi registrado como injúria racial no 50º Distrito Policial do Itaim Paulista, na Zona Leste de São Paulo.

— Meu sentimento é de revolta, angústia, ansiedade e tristeza. A gente mal começou o ano. O racismo sempre foi muito presente na minha vida e hoje, com tanto avanço, tanta tecnologia, tanto aprendizado referente ao racismo, a gente vê que não mudou muita coisa — acrescentou a cozinheira.

Funcionária da empresa pediu ‘desculpas’

A cozinheira explicou que uma funcionária do setor de diversidade e inclusão da empresa entrou em contato pedindo desculpas. Segundo a representante, o cadastro original de Susan foi criado em 2011 e, na ocasião, alguém teria inserido o sobrenome “macaca” de forma inapropriada, o que resultou no erro no e-mail automático.

— Basicamente, meu sobrenome na Magazine Luiza é macaca, porque alguém colocou e ninguém viu — afirmou Susan.

O que diz a Magazine Luiza

Em nota enviada ao G1, o Magazine Luiza lamentou o ocorrido e reafirmou seu compromisso no combate a qualquer forma de preconceito ou discriminação. “A empresa esclarece que o fato ocorrido nada tem a ver com o processo de biometria realizado pela cliente – essa operação é feita de forma 100% digital, sem qualquer interação humana. O mesmo acontece com as mensagens de confirmação enviadas pela Magalu para os consumidores”, diz o texto.

A companhia também declarou ter excluído o campo “apelido” de seus formulários cadastrais para evitar que casos semelhantes ocorram no futuro. Além disso, implantou uma lista de palavras inapropriadas que serão bloqueadas no momento do preenchimento dos cadastros.

“A companhia já excluiu o campo ‘apelido’ de seus formulários cadastrais e adotou uma lista de palavras inapropriadas, que passarão a ser vetadas no momento do preenchimento do cadastro”, destacou a nota.

A Magazine Luiza também afirmou ser referência em políticas de diversidade e inclusão, informando que “metade do seu quadro de colaboradores é formado por profissionais negros”.

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