Vídeos mostram primeiros momentos de terremoto que deixou pelo menos 126 mortos no Tibete

Fenômeno foi o mais mortal da China desde dezembro de 2023, quando 151 pessoas morreram em um tremor de magnitude 6,2 nas províncias de Gansu e Qinghai

Pelo menos 126 pessoas morreram e 188 ficaram feridas após um terremoto atingir uma região remota do Tibete, no lado chinês da fronteira, na manhã desta terça-feira, com tremores sentidos em todo o Himalaia, no vizinho Nepal, no Butão e em partes da Índia. Mais de mil casas foram danificadas na região árida e relativamente pouco povoada, segundo a emissora estatal chinesa CCTV. Vídeos publicados pela imprensa local e nas redes sociais mostram que escombros de edifícios caídos espalharam-se pelas ruas e esmagaram carros.

Vídeos mostram primeiros momentos de terremoto que deixou pelo menos 95 mortos no Tibete — Foto: Reprodução

O Serviço Geológico dos Estados Unidos informou que o terremoto teve magnitude 7,1 e foi relativamente raso, com uma profundidade de cerca de 10 quilômetros (terremotos rasos costumam causar mais danos). O Centro de Redes de Terremotos da China registrou a magnitude como 6,8. O epicentro do fenômeno foi no condado de Tingri, no Tibete, em uma área sismicamente ativa onde placas da Índia e da Eurásia colidem, podendo causar terremotos fortes o suficiente para mudar as alturas de algumas das montanhas mais altas do mundo nos Himalaias.

O presidente da China, Xi Jinping, pediu esforços máximos para resgatar pessoas afetadas pelo fenômeno, minimizar as vítimas, reassentar aqueles cujas casas foram danificadas e garantir a “segurança e bem-estar” dos civis durante o inverno. Mais de 3 mil socorristas foram mobilizados, e o vice-primeiro-ministro Zhang Guoqing foi enviado à área para orientar os trabalhos. O governo anunciou a alocação de 100 milhões de yuans (R$ 82,5 milhões) para o socorro em desastres.

Esforços de resgate estavam sendo realizados sem equipamentos pesados, destacando o desafio de levar recursos às comunidades isoladas afetadas pelo terremoto. Com temperaturas na região chegando a -15ºC, os trabalhadores de resgate têm uma janela de tempo curta para localizar os sobreviventes. Ainda não está claro quantos moradores ficaram desabrigados em decorrência do terremoto, mas cenas de destruição foram transmitidas na mídia estatal e compartilhadas nas redes sociais.

— Aqui as casas são feitas de terra, então, quando o terremoto chegou, muitas delas desabaram — disse à AFP Sangji Dangzhi, 34, proprietário de um supermercado danificado no condado de Dingri.

O Tibete é uma das regiões mais restritas e politicamente sensíveis da China, e o acesso a visitantes estrangeiros permanece rigidamente controlado. Pequim mantém o controle sobre a região desde que o líder espiritual Dalai Lama fugiu para a Índia, em 1959, após um levante fracassado contra o governo chinês. Governos ocidentais e organizações de direitos humanos acusam a administração chinesa de abusos no Tibete, onde dissidências são reprimidas. Jornalistas estrangeiros são proibidos de viajar de forma independente na região.

“Fiquei profundamente entristecido ao saber do devastador terremoto que atingiu Dingri, no Tibete, e as regiões circundantes nesta manhã. Ele causou a trágica perda de muitas vidas, inúmeros feridos e uma extensa destruição de casas e propriedades. Ofereço minhas orações por aqueles que perderam suas vidas e estendo meus votos de uma rápida recuperação a todos os que ficaram feridos”, disse Dalai Lama em nota.

A CCTV informou que “o condado de Dingri e seus arredores experimentaram tremores muito fortes, e muitos edifícios colapsaram perto do epicentro”. A emissora chinesa Xinhua garantiu que “as autoridades locais estão entrando em contato com diversas aldeias do condado para avaliar o impacto do terremoto”. Cobertores e outros materiais para enfrentar as condições meteorológicas adversas da região também foram enviados pelas autoridades. No local, as temperaturas estavam em torno de -8ºC pela manhã, com previsão de queda para -18ºC durante o dia, segundo a Administração Meteorológica da China.

Áreas afetadas

Pessoas no nordeste do Nepal também sentiram fortemente o terremoto, mas ainda não há relatos de feridos ou danos, segundo o Centro Nacional de Operações de Emergência do país. A polícia local informou que 13 feridos foram resgatados em todo o país, e o Ministério do Interior do Nepal disse que 10 casas foram danificadas, sendo uma completamente destruída. Os tremores do sismo desta terça-feira também chegaram ao estado indiano de Bihar, mas não há registro de feridos.

— Com base na magnitude do terremoto, pode haver alguns danos nas montanhas do leste do Nepal — disse Lok Bijaya Adhikari, sismólogo do Centro Nacional de Monitoramento e Pesquisa de Terremotos do Nepal.

Mapa mostra local do epicentro do terremoto que atingiu o Tibete e região e deixou mais de 100 mortos — Foto: Editoria de Arte
Mapa mostra local do epicentro do terremoto que atingiu o Tibete e região e deixou mais de 100 mortos — Foto: Editoria de Arte

No distrito nepalês de Solukhumbu, os tremores trouxeram de volta memórias do devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a região perto de Katmandu em 2015, matando cerca de 9 mil pessoas e ferindo mais de 22 mil. Prédios, cidades, estradas, templos e sedes da indústria acabaram danificados, com mais de meio milhão de casas destruídas. O país está localizado numa falha geológica onde a placa tectônica Índica pressiona a placa Euroasiática, o que causou a formação da cordilheira do Himalaia e torna os terremotos frequentes na região.

Nesta terça-feira, as autoridades locais fecharam um acampamento usado de base para a escalada do Monte Everest, bem como a área cênica ao redor. Embora o inverno não seja a estação mais popular para a escalada da montanha, alguns turistas chineses ainda visitam a região para ver as montanhas do Himalaia. Segundo fontes ouvidas pela rede americana CNN, cerca de 500 turistas visitaram o acampamento na segunda-feira, e 30 estavam no local quando o terremoto ocorreu. Todos eles foram retirados do local após o fenômeno, acrescentou.

— Os tremores foram muito fortes, definitivamente todos estão em pânico — disse Rupesh Vishwakarmi, um funcionário local, à CNN.

(Com AFP e New York Times)

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