O vazamento de petróleo que afeta o sudoeste da Rússia e a Crimeia desde o dia 15 de dezembro, após o naufrágio de dois navios petroleiros no Estreito de Kerch, atingiu Sebastopol, a maior cidade da península anexada, anunciaram as autoridades nesta sexta-feira. A cidade, que tem mais de meio milhão de habitantes, é a base histórica da frota russa do mar Negro e um importante destino turístico para os russos. A informação foi divulgada pelo governador Mikhail Razvojaiev no Telegram.
De acordo com Razvojaiev, uma “pequena camada de petróleo, de 1,5 por 1,5 metro”, foi descoberta na entrada da Baía de Balaklava. Também foram descobertos “casos esporádicos” de aves cobertas de combustível em outras áreas da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, informou o governador, cuja mensagem foi acompanhada de um vídeo de uma mancha preta flutuando na água. Razvojaiev disse ter ordenado a limpeza do vazamento.
Na quinta-feira, o Ministério dos Transportes russo afirmou que a quantidade derramada do combustível estabelecida por especialistas era de 2,4 mil toneladas, valor “significativamente” menor do que a estimativa baseada nos depoimentos dos capitães dos petroleiros, informou a agência Tass. Estimativas preliminares apontavam para 3,7 mil toneladas.
Dois petroleiros russos afundam em tempestade no Mar Negro; um deles se parte em dois
Em 15 de dezembro, dois petroleiros russos, Volgoneft-212 e Volgoneft-239, encalharam durante uma tempestade no Estreito de Kerch, entre Rússia e Crimeia. Os navios transportavam 9,2 mil toneladas de diesel, das quais cerca de 40% teriam ido parar no mar. As autoridades e milhares de pessoas, a maioria voluntários, organizaram uma operação de limpeza em grande escala, mas a situação ainda é preocupante.
O combustível derramado é o mazut, um produto petrolífero pesado e de baixa qualidade, segundo reportagens russas citadas pela Associated Press. O derramamento levou autoridades de Krasnodar, no sul da Rússia, a decretarem emergência em toda a região, e foi presidente Vladimir Putin como um “desastre ecológico”. O vazamento pode ter provocado a morte de mais de 20 golfinhos, segundo o centro local de resgates de golfinhos de Delfa, também citado pela AP.
No sudoeste russo, foram descobertas novas contaminações nas praias de Anapa, um balneário popular, segundo a organização regional encarregada de lidar com a catástrofe. Desde o início do vazamento do petróleo, quase 78 mil toneladas de areia contaminada foram removidas de dezenas de quilômetros de praias na costa do país, mas as autoridades advertem que, no total, cerca de 200 mil toneladas poderão ser afetadas. Elas afirmam que os esforços de descontaminação são complicados porque o tipo de petróleo derramado não necessariamente flutua na superfície da água.
O Estreito de Kerch é uma importante rota marítima global, possibilitando uma passagem entre o Mar de Azov e o Mar Negro. Também tem sido um ponto importante na guerra na Ucrânia, prestes a completar três anos. A Crimeia — que havia sido cedida à Ucrânia na era soviética — foi anexada à Rússia por Putin em 2014, depois da queda de um governo pró-Moscou em Kiev. Em dezembro passado, o conselheiro chefe do Gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Mykhailo Podolyak, pediu sanções aos petroleiros russos, classificando o vazamento de petróleo como um “desastre ambiental em larga escala.” (Com AFP)