A Interpol, junto com autoridades paraguaias, prenderam 26 pessoas supostamente envolvidas no desmatamento ilegal e no tráfico de árvores nativas na região da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, informou nesta segunda-feira a organização internacional de cooperação policial.

Agente do Ibama em apreensão de madeira ilegal em 2018, no Pará — Foto: Felipe Werneck/Agência O Globo
“As autoridades paraguaias prenderam 26 pessoas e descobriram duas redes criminosas e 12 empresas supostamente dedicadas ao desmatamento ilegal e ao tráfico de espécies arbóreas nativas (…) no âmbito da operação liderada pelo Paraguai e coordenada pela Interpol”, informou o comunicado da organização.
Durante a operação denominada Panthera Onca, foram detectados 28 crimes diferentes e apreendidos cerca de mil toras e 250 postes de madeira de quebracho, muito valorizada por sua densidade e alto teor de taninos, informou a Interpol.
“O desmatamento ilegal abrange um amplo espectro de atividades criminosas, que vão desde a falsificação de documentos até a lavagem de dinheiro ou corrupção”, disse Kat Henn, vice-diretora de Segurança Ambiental da Interpol, acrescentando que essas redes criminosas destroem o meio ambiente de forma lucrativa.
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A região da tríplice fronteira é um “ponto crítico” tanto para o comércio legal quanto para as redes ilícitas devido à sua posição estratégica onde convergem o nordeste da Argentina, o leste do Paraguai e o sul do Brasil, disse a organização internacional. O desmatamento também tem ligações com a pecuária. Na Amazônia brasileira, maior exportador mundial de carne bovina, 77% das terras desmatadas entre 1985 e 2022 foram convertidas em pastagens, segundo a organização MapBiomas.
Em dezembro, a União Europeia (UE) alcançou um acordo de livre comércio — que ainda precisa ser ratificado pelos Estados — com o Mercosul, que tem entre seus membros Brasil, Paraguai e Argentina, que permite aos sul-americanos aumentarem suas cotas de entrada para a UE, entre outros produtos, carne bovina.
Mas alguns países do velho continente, como a França e a Itália, e os seus sindicatos agrícolas denunciam que se trata de uma concorrência desleal, uma vez que a produção destes alimentos no bloco sul-americano não está sujeita às mesmas exigências ambientais e sociais nem aos mesmos cuidados sanitários padrões em caso de problemas nesse controle.
Além disso, a UE adotou uma lei em 2022 que, a partir de 30 de dezembro, vetará a importação de produtos que gerem desmatamento ou sejam provenientes de terras desmatadas após dezembro de 2020.
