Fotojornalista mostra como é o processo para se tornar pajé em aldeia no Acre; veja reportagem

A história acontece na aldeia Macuã, na Terra Indígena Rio Gregório, no interior do Acre

Em setembro, o fotojornalista Victor Moriyama passou cinco dias ao lado de Xinã Yura, um indígena do povo Yawanawá, que estava em iniciação para se tornar pajé.

A história acontece na aldeia Macuã, na Terra Indígena Rio Gregório, no interior do Acre.

Yura, indígena em iniciação para se tornar um pajé do povo Yawanawa/Foto: VICTOR MORIYAMA/DIALOGUE EARTH

“O cenário era apocalíptico: nas cinco horas de trajeto, subimos o rio que dá nome à terra indígena sob uma densa fumaça. Era setembro, e a estação seca agravava as queimadas e reduzia drasticamente o nível dos cursos hídricos na maior floresta tropical do planeta. Apenas um palmo d’água separava o casco do barco do leito do rio”, inicia o texto.

A reportagem de Moriyama, publicada no jornal Nexo, descreve a difícil jornada pela Amazônia, marcada por queimadas e rios baixos, e o ritual de Xinã, que busca se reconectar com as tradições de seu povo.

“Os pajés são guardiões de tradições milenares, intrinsecamente ligadas à preservação da floresta, por meio do uso de ervas medicinais e da conexão com os espíritos da floresta. Vivendo entre o território e a cidade de São Paulo, Xinã tem no ritual um retorno às suas origens ancestrais”, acrescenta.

A reportagem também mostra o histórico de violências e resistência enfrentados pelo povo Yawanawá ao longo dos anos.

“Xinã Yurá nasceu em 1991 na Terra Indígena Rio Gregório, mesmo ano em que ela foi demarcada pelo governo federal. A data marcou uma virada no destino dos povos locais, que sofreram décadas de impactos de indústrias extrativistas, obras de infraestrutura e intolerância religiosa. Na década de 1970, os pais de Xinã e vários outros de seus parentes trabalharam em situação análoga à escravidão, extraindo o látex de seringueiras e cauchos para a produção de borracha”, acrescenta.

Entre as violências sofridas, os nativos denunciam o “apagamento” da cultura por missionários evangélicos.

pajé indígena dando banho em outro indígena como parte de ritual

Pajé dando banho em Xinã/Foto: VICTOR MORIYAMA/DIALOGUE EARTH

“O asfalto mal havia secado, e missionários evangélicos da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) se instalaram nas aldeias Yawanawá e Noke Kuin. Os indígenas denunciam que representantes da MNTB baniram o idioma local e demonizaram as práticas xamânicas que seus ancestrais preservavam há séculos. A medicina da floresta naquela região, baseada na tríade oni (ayahuasca, bebida a partir de um cipó amazônico), kapum (veneno do sapo-kambô) e rome (rapé, um pó feito a partir de plantas medicinais e tabaco), foi proibida pelos missionários”, mostra a reportagem.

“Os anos seguintes abriram caminho para a retomada das tradições do povo Yawanawá — hoje conhecido por articulações em fóruns internacionais de ayahuasca, pela realização de festivais espirituais e por firmar parcerias com marcas de produtos da floresta”, explica.

Victor Moriyama conta também da quebra nas tradições Noke Kuin e Yawanawá. Antes, só homens idosos se tornavam pajés, mas após muitos anos, “as tias de Xinã, Raimunda Putani e Hushahu, tomaram a iniciativa de se tornarem pajés”.

“A purificação de Xinã e Érica foi uma preparação para o encontro com uma cobra sagrada, ritual que fui presenciar. Tani e Pocha Kamanawá, que conduzem tanto a preparação quanto o ritual da cobra, tornaram-se pajé ainda crianças, após cada um ter encontrado uma das cobras sagradas da floresta”, destaca.

Após isso, o fotógrafo conta como se deu o processo de tornar Xinã um pajé.

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