Humoristas gringos mostram lado engraçado da cultura brasileira

Humoristas como Lea Maria e Paul Cabannes se destacam nas redes por criar conteúdo sobre o Brasil a partir de suas visões como estrangeiros

Recentemente, o humorista Paul Cabannes viralizou ao pedir, durante o G20, no Rio de Janeiro, que seu conterrâneo e presidente da França, Emmanuel Macron, proibisse o croissant recheado no Brasil. O quitute (e sua variedade de complementos) é tema de boa parte das piadas do comediante, que explora as diferenças culturais de seu país de origem e o Brasil, onde mora atualmente. Além dele, outros “gringos” que vieram para cá têm aproveitado as diferenças sociais e econômicas para fazer humor, trazendo um olhar curioso e divertido sobre as peculiaridades do cotidiano brasileiro.

Além de Cabannes, Lea Maria também se enquadra nesse novo filão. Natural da Alemanha, ela chegou no Brasil em 2017 e encontrou no país, além de um novo lar, uma inspiração para construir uma carreira no humor.

Divulgação

A humorista, que hoje acumula mais de 3,7 milhões de seguidores nas redes sociais, veio ao Brasil sem imaginar que suas vivências entre duas culturas tão diferentes seriam a base para seu trabalho.

“Nunca pensei que me tornaria comediante. Na Alemanha, o humor é diferente, mais planejado, seco. Quando conheci o humor brasileiro, que é tão espontâneo e caloroso, percebi que podia transformar minha experiência de adaptação em piada, e isso foi libertador”, conta em entrevista em Metrópoles.

“No Brasil, o humor é uma ferramenta de conexão. As pessoas riem com você, não de você, e isso cria uma energia coletiva incrível. É algo que aprendi a amar e que me desafiou a ser mais espontânea”, salienta a alemã.

Lea usa o humor para abordar o choque cultural de forma leve e envolvente. Entre suas histórias mais populares estão situações que revelam o famoso “jeitinho brasileiro”.

Ela lembra quando, logo após sua chegada ao Brasil, foi a um jantar por achar que um convite educado era uma convocação formal. “Na Alemanha, quando alguém te convida, é sério. Aqui, demorei para entender que muitos convites são só gentileza. Acabei aparecendo na casa de uma pessoa sem ela esperar realmente por isso. Hoje, acho isso hilário, mas na hora foi constrangedor”, conta.

Formada em antropologia, Lea analisa as diferenças entre as culturas alemã e brasileira com uma sensibilidade que vai além da comédia: “O Brasil me ensinou muito sobre improviso e resiliência. Os brasileiros sabem rir de si mesmos, e isso é uma habilidade incrível. Por outro lado, acho que a Alemanha pode ensinar um pouco sobre organização e planejamento. Juntas, essas qualidades criam um equilíbrio poderoso”.

Alma de brasileiro

Outro humorista que está fazendo sucesso, principalmente nas redes sociais, é Paul Cabannes. Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, quando ainda morava na França, ele participava de um grupo de teatro junto de Luciane, brasileira com quem se casou e teve duas filhas. Em 2015, os dois e as meninas vieram de vez para o Brasil, e foram morar na cidade de Maringá, no Paraná.

Vídeos em que um estrangeiro “traduz” o Brasil para seus seguidores estão entre os principais fatores a que Paul atribui o seu sucesso nas redes sociais. O humorista alcançou grande popularidade com um vídeo que se tornou seu mais famoso, acumulando 14 milhões de visualizações. Nele, Paul faz uma comparação divertida entre xingamentos em francês e português.

“Acho que o brasileiro gosta de dar risada, então, quando [alguém] faz conteúdo de comédia, tende a funcionar bem.O resto [do sucesso] é porque sou um cara bonito, e porque o brasileiro não tem o que fazer”, brincou.

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