Marcos Herbas William Camacho, o Marcola, disse pela primeira vez que é o “chefe” do Primeiro Comando da Capital (PCC). A fala do líder da facção aconteceu durante uma reunião com o advogado, em janeiro de 2022, obtida nesta quarta-feira (7/11) pelo Metrópoles.
Marcola afirmou, durante a reunião que tinha uma divergência com os antigos líderes, mas que só se tornou “chefe do negócio”, depois que mataram sua esposa, Ana Maria Olivatto.
“É aí que eu me tornei o chefe do negócio. Porque antes disso daí [assassinato da Ana], eu não era chefe de nada, entendeu?”.
Durante a conversa com o representante legal, Marcola explica que funcionava como um mediador entre os presos faccionados e um diretor penitenciário na época identificado como doutor Guilherme, em crises de rebelião em presídios no estado de São Paulo.
O líder do PCC conta que não queria esse rótulo de liderança “de forma alguma”.
“Se eles não matam a doutora Ana, eu estava na rua há 20 anos atrás já, entendeu… Quando mataram a minha mulher eu fui para cima desses caras ai. Esses caras que são os chefes da matança”.
Ao longo da reunião, o detento e o advogado conversam sobre os processos existentes contra o faccionado. Os dois parecem chegar a conclusão de que Marcola raramente era mencionado nominalmente durante as denúncias que culminaram em seus 300 anos de condenação pela Justiça.
Em um dos casos, o líder do PCC diz um dos réus ouvidos pelas autoridades, identificado como Chocolate, foi torturado e durante o processo de tortura foi perguntado se “um crime dessa envergadura poderia ter sido cometido sem o aval do Marcola?”. Questionado, Chocolate teria respondido “acho que não”, segundo o próprio Marcola.
Marcola diz que as acusações são genéricas, sempre mencionando a liderança da facção, mas sem citar seu nome. Posicionamento que é mantido em uma outra gravação de julho de 2022, também obtido pela reportagem, quando o líder do PCC diz que está “acusado sempre de tudo”.